Jay Garner visita hospital em Bagdá

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Publicado segunda-feira, 21 de abril de 2003 as 14:41, por: CdB

O general aposentado americano Jay Garner, que vai liderar o governo provisório do Iraque, visitou um hospital e companhias de água e energia na chegada a Bagdá.

Garner insiste que é um “facilitador” e não um “governante”, mas parece estar havendo uma crescente oposição no país ao fato de forças invasoras assumirem um papel central na reconstrução.

Um líder curdo, Jalal Talabani, disse que era contra qualquer “estrangeiro” assumir a administração do Iraque.

Grupos que representam a maioria xiita da população disseram que não vão cooperar com a administração americana e estão boicotando as conversas lideradas por Garner.

Colega britânico

Garner fez as visitas desta segunda-feira acompanhado do vice-major-general britânico Tim Cross.

“É um grande dia, é um grande dia para mim pessoalmente”, disse o general Garner ao chegar a Bagdá. “Que dia pode ser melhor do que esse, em que você pode ajudar alguém, ajudar outras pessoas, e é isso que nós queremos fazer”, disse ele.

A cidade continua sem serviços básicos, como coleta de lixo. A eletricidade foi restaurada em algumas partes da capital poucas horas antes da chegada do general, mas não no hospital visitado. O local foi um dos muitos prédios com serviços médicos saqueados por moradores.

Correspondentes dizem que o diretor do hospital levou Garner a corredores sujos escuros com vidros quebrados e mostrou alas cheias de tudo, menos camas.

“Nós iremos ajudá-los, mas vai levar tempo”, disse o general Garner aos médicos.

Ele disse que seu objetivo era apenas terminar o trabalho e deixar o país, mas se recusou a citar um período de tempo quando perguntando se o trabalho poderia terminar em três meses.

“Eu não diria 90 dias como uma marca. Nós vamos ficar aqui o tempo necessário. E vamos sair bem rapidamente”, disse.

Papéis religiosos

O correspondente da BBC em Bagdá Martin Asser disse que permanece um sentimento positivo em relação às forças lideradas pelos Estados Unidos que derrubaram o regime de Saddam Hussein.

Mas o papel dos líderes religiosos, particularmente da comunidade xiita, será crucial.

Alguns dizem que não vão cooperar com os planos de Garner de instalar uma administração interina antes que os iraquianos formem seu próprio governo e retomem o controle de seu país.

Grandes protestos contra a presença americana têm sido até agora pacíficos, mas moradores disseram ao nosso correspondente que as preocupações iniciais podem se transformar em oposição organizada contra as tropas.

Muitos clérigos xiitas já pediram a retirada imediata das tropas americanas no país.

Apenas Ahmed Chalabi, líder de um grupo político apoiado por alguns membros do governo americano, pediu que as tropas fiquem no Iraque até dois anos para que as eleições possam ser realizadas.

O líder do Congresso Nacional Iraquiano (INC) também insistiu que não há nenhuma figura religiosa esperando para tomar o poder no Iraque.

Seus comentários vieram ao mesmo tempo em que dezenas de milhares de muçulmanos xiitas continuaram uma peregrinação para a cidade sagrada de Karbala, o que era proibido enquanto Saddam Hussein esteve no poder.