Japão contesta críticas da China às reformas da ONU

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Publicado sexta-feira, 3 de junho de 2005 as 10:09, por: CdB

O Japão discorda da declaração chinesa de que um plano apoiado por Tóquio para ampliar o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) é perigoso, e vai se esforçar para obter o apoio de Pequim, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores japonês nesta sexta-feira.

A proposta do Japão de obter uma cadeira permanente no Conselho de Segurança foi complicada por uma deterioração de suas relações com a China, que já é membro permanente e tem poder de veto no órgão.

– Definitivamente não é algo que seja perigoso ou algo que irá levar à desunião – disse o porta-voz do ministério japonês Hatsuhisa Takashima em uma coletiva de imprensa.

– Está claro que há uma diferença de opinião com a China, mas pretendemos continuar as negociações com a China para obter no futuro sua compreensão – disse.

Suas declarações foram feitas depois que a China descreveu o plano de ampliar o conselho como “uma medida perigosa” na quinta. O plano é apoiado pelo Brasil, Japão, Alemanha e Índia.

Pequim disse que se oporia ao plano se ele fosse à votação na Assembléia Geral da ONU.

– Isso vai dividir a casa. Vai destruir a unidade e tirar do trilho o processo de discussões sobre a grande reforma da ONU – disse o embaixador Wang Guangya a repórteres na sede da ONU na quinta, usando uma linguagem mais dura que a costumeira.

O Conselho de Segurança, com 15 países-membros, decide sobre questões de guerra e paz, sanções e operações com tropas de paz. A composição com seus cinco membros permanentes com poder de veto — Estados Unidos, Rússia, Grã-Bretanha, França e China – reflete o status daqueles países como vitoriosos no fim da Segunda Guerra Mundial. Seus 10 membros não-permanentes têm mandatos de dois anos.

O Brasil, o Japão, a Alemanha e a Índia pretendem colocar em votação neste mês uma resolução da Assembléia Geral da ONU que iria ampliar o conselho para 25 cadeiras, contra as 15 atuais, e iria incluir mais seis cadeiras permanentes.

Wang disse não ter objeções em dar à Alemanha uma cadeira permanente, mas questionava a entrada do Japão por causa da história da Segunda Guerra Mundial, quando o país ocupou a China e outras nações asiáticas.

Ele disse que votaria “não” na Assembléia Geral “se eles impuserem um cronograma e uma votação sobre os membros da ONU”.