Israel pede ao Exército que desarme colonos judeus

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Publicado quinta-feira, 14 de abril de 2005 as 15:28, por: CdB

O ministro da Defesa de Israel ordenou ao Exército, na quinta-feira, que desenvolva um plano para desarmar os colonos nos enclaves judaicos que devem ser desocupados a partir de julho, afirmaram fontes do ministério.

Líderes colonos e chefes de segurança israelenses concordaram em determinar que ninguém estará armado durante a retirada – e isso inclui os soldados -, mas o fato de que muitos colonos possuírem armas suscitou a preocupação de que haja resistência violenta.

Fontes da defesa disseram que o ministro Shaul Mofaz disse aos principais comandantes para que cheguem a um acordo com os colonos para que eles entreguem as armas com antecedência. Elas então seriam devolvidas depois da desocupação de todos os assentamentos da Faixa de Gaza e dos quatro dos 120 da Cisjordânia.

– Temos de fazer de tudo para chegar a um acordo com os colonos sobre isso – disse Mofaz, segundo a fonte.

– Não haverá nenhum tipo de arma na região.

Mas ainda há muita preocupação com um possível banho de sangue na retirada, que está sendo executada unilateralmente por Israel como forma de se “desengajar” do conflito com os palestinos.

Na quinta-feira, porém, aumentaram os sinais de que os colonos estão admitindo a possibilidade da retirada. O chefe do conselho dos colonos de Gaza, Avner Shimoni, disse que haverá resistência, mas pediu que pelo menos se permita às comunidades que fiquem juntas se forem retiradas.

Ele disse que elas prefeririam se mudar para Nitzanim, cerca de 20 km ao norte da Faixa de Gaza, numa paisagem cercada de dunas.

– Decidimos ficar, mas ao mesmo tempo estamos fazendo esse apelo ao governo para garantir que, se eles forem em frente com a decisão de nos exilar, iremos todos juntos para um lugar só – disse ele.

A autoridade israelense responsável por indenizar os retirados disse na semana passada acreditar que 70 por cento dos colonos abandonem suas casas sem problemas. O primeiro pagamento foi feito na semana passada.

Pesquisas de opinião mostram que a maioria dos israelenses é favorável à retirada dos 8.500 colonos judeus da Faixa de Gaza, onde vivem em meio a 1,3 milhão de palestinos, em enclaves fortificados cuja segurança custa caro.

Mas muitos colonos encaram a posse da terra capturada na Guerra dos Seis Dias, em 1967, como um direito bíblico. Também afirmam que a retirada “recompensará o terrorismo palestino”, depois de quatro anos de meio de levante armado.

Os palestinos, por sua vez, suspeitam que o plano de retirada de Gaza tem o objetivo de garantir a posse definitiva por parte de Israel da Cisjordânia, muito maior e mais importante.