Irmão de Schroeder escreve livro constrangedor sobre chanceler

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Publicado segunda-feira, 29 de novembro de 2004 as 21:24, por: CdB

Gerhard Schroeder não tem nada a temer por causa de um livro pouco elogioso escrito por seu irmão caçula porque, mesmo que algumas passagens da infância sejam constrangedoras, elas são todas verdadeiras, disse Lothar Vosseler na segunda-feira.

O irmão do chanceler (primeiro-ministro) alemão, cronicamente vítima do desemprego nos últimos nove anos, disse estar torcendo para que o livro “O Chanceler, Infelizmente Meu Irmão, e Eu” possa acabar com quase um ano de silêncio entre eles. Mas admite que seu interesse mais imediato é ganhar dinheiro.

“Naturalmente espero receber algum dinheiro disso aí”, disse Vosseler, meio-irmão de Schroeder — a mãe deles, Erika Vosseler, se casou de novo depois que o pai de Schroeder morreu, na Segunda Guerra Mundial.

“Se eu ganhar uma bolada com este primeiro livro não haverá um segundo”, disse Lothar Vosseler a correspondentes estrangeiros. O livro será lançado em dezembro, com tiragem inicial de 128 mil exemplares.

O desânimo da população com as reformas econômicas liberais de Schroeder diminuiu e, a menos de dois anos das eleições gerais alemãs, a popularidade dele melhorou, anulando a vantagem de 25 pontos percentuais que os conservadores chegaram a ter nas pesquisas.

Schroeder, de 60 anos, que nunca escondeu ter tido uma infância pobre, ignora seu irmão, de 57, há um ano, mas Vosseler disse que não pretende prejudicar a reputação do chefe de governo.

“Se eu fosse ele, não me preocuparia com nada, porque não há quaisquer mentiras no livro, são todas histórias reais”, disse Vosseler, que perdeu seu emprego de programador de computação em 1995 e desde então não encontrou outra vaga fixa.

“Certamente me orgulho do que ele conseguiu, mas isso não significa que ele não deva olhar para a família dele”, afirmou. “Eu ficaria bem contente se ele tivesse me ajudado a encontrar um emprego, ou se pelo menos me desse dicas sobre onde procurar. Ele não me ajudou em nada”.

Nestes últimos anos, Vosseler teve vários trabalhos temporários, como fiscal de esgotos, porteiro, guia turístico e colunista de jornal, mas nenhum deles graças ao fato de o irmão ser chanceler.

“Eu gostaria de ter encontrado alguma coisa que tivesse a ver com programação de computadores, o que eu fiz durante 30 anos”, afirmou.

Em um capítulo do livro, intitulado “Má Sortesaiu ela a amiga disse para minha mulher: ‘Se eu o vir outra vez aqui saio correndo.”‘

Ele também conta que Schroeder quase sempre ficava com a salsicha no café-da-manhã e que uma vez enganou o irmão, que havia comprado seu primeiro terno — o hoje chanceler o convenceu que o terno não servia no irmão e ficou com a roupa. “Ele nunca foi tímido”, disse Vosseler.

O autor afirmou ainda que sempre votou no Partido Social Democrata, de Schroeder, mas que não tem certeza de que será eleitor do irmão em 2006. “Acho que ele poderia mudar alguns impostos, para que o ‘povinho’ não seja tão atingido”, disse ele. “Parece que taxar tanto o ‘povinho’ prejudica o consumo. As pessoas não podem comprar nada se são tão atingidas pelos impostos”.