Irmão de Genoino é inocentado em plenário na Assembléia cearense

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Publicado quarta-feira, 21 de dezembro de 2005 as 00:55, por: CdB

O escore foi de 16 votos a favor e 23 contra o pedido de cassação do mandato do deputado estadual José Nobre Guimarães (PT), irmão do ex-presidente do PT José Genoino, que agora assegura o seu mandato, livre da acusação de ter organizado a transferência de dinheiro ilícito pelas cuecas de um assessor. Apenas seis votaram nulo, e um em branco, em regime de votação secreta, na Assembléia Legislativa do Ceará, nesta noite de terça-feira.

Pesava também contra Guimarães a denúncia de que ele recebeu R$ 250 mil de uma conta do empresário Marcos Valério de Souza. O dinheiro seria para um suposto caixa dois na campanha de José Airton Cirilo, candidato derrotado do PT ao governo do Ceará em 2002. Guimarães admitiu que recebeu R$ 250 mil, não oficializados pela Justiça Eleitoral, para serem gastos na campanha de Cirilo. Disse que havia recebido o dinheiro do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, por meio de uma mulher da qual não lembrava o nome nem a fisionomia. O Diretório Nacional do PT negou oficialmente o repasse, o que resultou no pedido de cassação do deputado por quebra de decoro parlamentar.

José Guimarães ficou conhecido nacionalmente pelo “escândalo da cueca”, quando seu ex-assessor José Adalberto Vieira da Silva foi preso em flagrante no aeroporto de São Paulo, em julho, com R$ 200 mil em uma mala e outros US$ 100 mil em notas na cueca. O Conselho de Ética da Assembléia recomendou a cassação do mandato de Guimarães após ter ouvido o próprio deputado e testemunhas do caso, entre elas representantes de empresas que teriam recebido, em 2003, pagamento das contas atrasadas, totalizando cerca de R$ 250 mil.

Antes da votação, Guimarães disse que foi apenas um interlocutor na entrega do dinheiro.

– Não foi para a minha campanha – disse, em plenário.

O deputado petista, que dispensou defesa jurídica por afirmar que não havia provas contra ele, enfatizou sua origem humilde, ressaltando que não teria “capacidade de tirar vantagem em favor de patrimônio próprio”. A próxima estratégia da PSDB, após o recesso, em 15 de fevereiro de 2006, é reabrir o arquivo do processo administrativo contra Guimarães no episódio dos dólares na cueca.