Iraque decreta emergência após 21 mortes

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Publicado domingo, 7 de novembro de 2004 as 10:49, por: CdB

Rebeldes mataram, a sangue frio, 21 policiais iraquianos neste domingo, um dia depois da morte de 34 pessoas em atentados contra forças de segurança. Os ataques das últimas 48 horas foram uma clara demonstração de força antes da iminente ofensiva dos Estados Unidos contra o levante em Falluja e Ramadi. Diante dos ataques, o governo do Iraque declarou “estado de emergência” neste domingo – na mais recente tentativa de conter a escalada da violência no país.

A decisão foi anunciada pelo porta-voz oficial do governo iraquiano, Thaer Naqib, que disse que a medida deve vigorar por 60 dias e abranger todo o Iraque, com a exceção das áreas administradas pelos curdos no norte do país.

Segundo Naqib, o estado de emergência foi a resposta encontrada pelo governo para deter “criminosos e terroristas”, nas palavras do porta-voz, que vêm causando mortes e destruiçã da infra-estrutura do Iraque.

O representante iraquiano não esclareceu que tipo de mudanças práticas a medida, que vai ser anunciada em detalhes na segunda-feira pelo primeiro-ministro interino Iyad Allawi, vai possiblitar. O estado de emergência permite ao governo reforçar os poderes da polícia e do Exército, além de determinar toques de recolher, por exemplo.

O primeiro-ministro interino do país, Iyad Allawi, está determinado a reprimir a rebelião liderada por muçulmanos sunitas antes da eleição de janeiro. Por isso declarou estado de emergência no Iraque por 60 dias, segundo informou o porta-voz de Allawi. Ele disse que o estado de emergência, equivalente à lei marcial, seria aplicado em todo o Iraque, exceto na região curda.
Forças dos Estados Unidos advertiram que vão atacar Falluja quando receberem a ordem de Allawi, que voltou da Europa no sábado.
Segundo a polícia iraquiana, homens armados mataram 23 policiais em três ataques no país árabe. O mais sangrento foi em Haditha, 200 quilômetros a noroeste de Bagdá, onde rebeldes atacaram um distrito policial com lançadores de granadas e morteiros.
Depois de 90 minutos de luta, em que seis policiais ficaram feridos, os rebeldes levaram 21 policiais capturados para a estação de bombeamento de petróleo K-3. Ali, os policiais foram executados com tiros.
O brigadeiro Shaher al-Jughaifi, chefe da segurança no oeste do Iraque, morreu em um ataque contra um posto policial em Haqlaniya.
Homens armados mataram outro policial iraquiano e feriram mais um na cidade de Baquba, nordeste de Bagdá, disse a polícia. Um carro-bomba levado por um suicida atacou um comboio da ONU na estrada para o aeroporto de Bagdá e um veículo Humvee foi atingido, disseram testemunhas. Um porta-voz militar dos EUA não confirmou a notícia.
Uma forte explosão atingiu a região central de Bagdá ao meio-dia e outra aconteceu uma hora depois. Um carro branco do tipo usado por autoridades do governo foi incendiado na volátil região da rua Haifa. Não há relatos de vítimas.
A violência aumentou em meio os preparativos para a ofensiva norte-americana em Falluja, onde moradores disseram que surgiram combates no perímetro leste da cidade, perto da estrada que leva para Bagdá, depois de intensos ataques aéreos e artilharia durante a noite.
CERCO A SAMARRA
No sábado, ataques e explosões contra distritos policiais mataram 34 pessoas, a maioria policiais, na cidade de Samarra, 100 quilômetros ao norte de Bagdá. O gabinete de Allawi disse que 49 pessoas ficaram feridas, todos homens.
Tropas dos EUA impuseram um toque de recolher de 24 horas em Samarra e em aldeias ao redor da cidade neste domingo.