Iraque atribui ataques a igrejas a Zarqawi

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Publicado segunda-feira, 2 de agosto de 2004 as 08:28, por: CdB

O governo iraquiano culpou o aliado da Al Qaeda Abu Musab al-Zarqawi pela série de ataques contra igrejas no país, que mataram pelo menos 11 pessoas, dizendo que o objetivo é provocar disputas religiosas e expulsar os cristãos do Iraque.

Líderes muçulmanos condenaram os atentados com carros-bomba realizados durante os serviços vespertinos em Bagdá e em Mosul, no norte do país. Foram os primeiros ataques contra a minoria cristã desde o início da rebelião de 15 meses.

“Não há sombra de dúvida de que (os atentados) têm as marcas de Zarqawi”, disse o assessor nacional de segurança, Mowaffaq al-Rubaie. “Zarqawi e seus extremistas estão basicamente tentando criar uma disputa entre muçulmanos e cristãos no Iraque. Está claro que eles querem expulsar os cristãos do país”, disse ele à Reuters.

O militante nascido na Jordânia assumiu a responsabilidade por muitos dos ataques com carro-bomba no Iraque desde a queda de Saddam Hussein, no ano passado, e também pelo assassinato de diversos reféns estrangeiros entre as dezenas de sequestrados nos últimos meses.

Um site islâmico mostrou nesta segunda-feira fotografias do que afirmou ser o assassinato de um refém turco por um grupo ligado a Zarqawi, mas não houve como confirmar a autenticidade das imagens. Mas um somali mantido por militantes também ligados a Zarqawi será libertado, depois que seu empregador kuwaitiano concordou em cessar as operações no país, disse a televisão Al Jazeera.

Rubaie disse que o Conselho Nacional de Segurança do Iraque fará uma reunião de emergência nesta segunda-feira para debater as explosões que atingiram pelo menos cinco igrejas no país, incluindo quatro em Bagdá. A polícia iraquiana desarmou mais bombas na frente de outras igrejas, uma delas em Bagdá, e a outra, em Mosul.

Os cristãos formam cerca de 3% da população do Iraque e em geral mantêm boas relações com a comunidade muçulmana, apesar dos recentes ataques contra vendedores de álcool no Iraque, em sua maioria cristãos. Há 800.000 cristãos no Iraque, a maioria em Bagdá.

“Isso mostra que não há fronteiras para a barbaridade dos crimes destes terroristas”, disse o ministro dos Direitos Humanos do Iraque, Bakhtiar Amin, sobre os atentados a igrejas.
Os rebeldes em geral tentam incitar conflitos entre muçulmanos sunitas e membros da maioria xiita, que foram oprimidos por Saddam.

Adnan al-Asadi, líder do partido xiita Dawa, disse que os muçulmanos compartilham da dor da comunidade cristã. “Rejeitamos estes atos criminosos que querem criar disputa religiosa e sectária no Iraque”, disse.

O Vaticano condenou os ataques. O padre Bashar Muntihorda disse em Bagdá que os cristãos estão devastados. “Os danos são muito grandes na vontade das pessoas, nos seus sentimentos, suas esperanças de que um futuro brilhante está chegando”, disse ele, enquanto voluntários recolhiam destroços, incluindo um vitral com a imagem de Jesus.