Iraque anuncia restrições na eleição; chineses são sequestrados

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Publicado terça-feira, 18 de janeiro de 2005 as 21:00, por: CdB

Insurgentes iraquianos ameaçaram na terça-feira matar oito reféns chineses dentro de 48 horas, caso Pequim, que se opôs à ocupação norte-americana, não explique por que parece estar construindo instalações militares para os EUA.

No mesmo dia, o governo iraquiano disse que vai fechar as fronteiras e restringir o tráfego dentro do país a fim de impedir ataques durante as eleições da próxima semana.

“A posição do governo chinês para com a nossa causa era clara — não participar das forças de invasão e da sua agressão contra nosso país”, disse um vídeo divulgado pelos sequestradores, em que homens armados e mascarados apareciam mantendo os reféns contra uma parede.

“Pedimos ao governo chinês que esclareça sua posição a respeito destes e de outros chineses. Vamos matá-los 48 horas depois de as imagens serem televisionadas, caso isso não seja feito”, disseram os militantes, que se identificaram como membros da Brigada Nuamaan da Resistência Islâmica.

A agência estatal chinesa de notícias Xinhua disse que diplomatas do país no Iraque estão se empenhando para libertar os operários de construção, que desapareceram na semana passada. A agência não deu detalhes sobre o trabalho dos operários, mas entrevistou fontes que disseram que a obra deles não tem qualquer relação com as forças estrangeiras no Iraque.

Milhares de asiáticos trabalham para empreiteiras que estão reconstruindo o Iraque e auxiliando os militares dos EUA.

Além de milhares de iraquianos sequestrados por dinheiro, dezenas de estrangeiros foram capturados por motivos aparentemente políticos. Muitos foram libertados, mas vários foram decapitados.

O arcebispo católico de Mosul, no norte do Iraque, foi solto na terça-feira, menos de 24 horas depois de ser capturado por homens armados. O Vaticano disse que não houve pagamento de resgate. O arcebispo Basile Georges Casmoussa disse que foi sequestrado por engano.

A 12 dias das eleições que escolherão a futura assembléia constituinte do Iraque, as autoridades anunciaram medidas destinadas a impedir a ocorrência de atentados.

A comissão eleitoral disse que as fronteiras ficarão fechadas e haverá rígidas restrições ao tráfego de todos os veículos entre os dias 29 e 31 de janeiro.

Em Washington, a futura secretária norte-americana de Estado, Condoleezza Rice, disse que a força militar por si só não pode acabar com a violência. Ela afirmou que as eleições vão ajudar a estabilizar o país.

A insurgência “deve ser tratada pela mobilização política do povo iraquiano — por isso as eleições são tão importantes -, pela reconstrução econômica e, mais importante, pelas forças iraquianas”, afirmou ela durante sessão da Comissão de Relações Externas do Senado, que discute a aprovação de seu nome para o cargo.

Os ataques, porém, continuam. Um atentado contra o escritório de um partido xiita despertou novos temores de que os insurgentes, em sua maioria sunitas, estejam tentando provocar confrontos religiosos.

A polícia disse que um militante em um carro-bomba matou uma pessoa e feriu sete em frente ao conjunto usado pelo Conselho Supremo da Revolução Islâmica do Iraque em Bagdá.

Uma importante fonte do partido disse que a vítima fatal trabalhava como segurança no local. Ele afirmou que os guardas abriram fogo contra o militante que lançou o carro contra a guarita.

Em Basra, um candidato do partido do primeiro-ministro Iyad Allawi, um xiita laico, também foi morto.

Perto de Tikrit, cidade natal de Saddam Hussein, os rebeldes ocuparam uma delegacia, matando dois policiais, ferindo outros dois e roubando armas, segundo uma fonte policial. Os guerrilheiros também abriram fogo contra uma barreira policial na área, matando três policiais e ferindo dois.

Perto de Baquba, um reduto dos guerrilheiros, houve lançamento de morteiros contra uma delegacia, o que matou um policial e feriu três outros, segundo os militares norte-americanos.

As eleições dividem o Iraque, onde os xiitas, que são 60 por cento d