Irã revoga sentença de morte de dissidente

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Publicado terça-feira, 1 de junho de 2004 as 10:09, por: CdB

O sistema judiciário de linha-dura do Irã revogou a sentença de morte do acadêmico dissidente Hashem Aghajari, disseram autoridades nesta terça-feira. A condenação provocou grandes protestos estudantis em 2002.

Professor de história reformista, Aghajari foi condenado por blasfêmia por causa de um discurso no qual afirmou que os muçulmanos não são “macacos” para terem que seguir cegamente os ensinamentos de clérigos.

Os comentários foram entendidos como um desafio ao sistema clerical do Irã, que domina o governo, e o caso foi visto por analistas políticos como um forte teste aos limites da liberdade de expressão na República Islâmica.

O porta-voz do Judiciário iraniano Gholamhossein Elham disse que a Suprema Corte derrubou a sentença porque não ficou satisfeita com a revisão do caso feita por um tribunal na província de Hamadan, no oeste do país. A corte de Hamadan reemitiu seu veredicto original de sentença de morte contra Aghajari.

“A Suprema Corte…acredita que a corte da província não removeu completamente os lapsos do caso, nem completou a investigação que foi exigida pela Suprema Corte”, disse Elham, segundo a agência de notícias estudantil ISNA.

Outra fonte do judiciário confirmou à Reuters que a sentença de morte foi revogada.
Elham disse que o caso será enviado a outra corte de Teerã para uma revisão completa. Poucos especialistas acham que Aghajari será condenado.

O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, que tem a palavra final em todos os assuntos no país, pediu duas vezes para o judiciário revogar a sentença de morte de Aghajari, sugerindo que teria pouco apoio entre os clérigos.

O advogado de Aghajari disse à Reuters que não recebeu comunicação oficial sobre a decisão. Ele disse que Aghajari provavelmente continuará preso por outras condenações, incluindo disseminação de mentiras.

A sentença original de Aghajari inclui também oito anos de prisão, 10 anos de proibição de ensino e isolamento em cidades remotas por vários anos.