Irã responderá sobre supensão do programa nuclear

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Publicado quarta-feira, 16 de agosto de 2006 as 10:58, por: CdB

O Irã está pensando em responder, no dia 22 de agosto, à oferta das grandes potências sobre a suspensão do enriquecimento de urânio com uma proposta de novas negociações, conforme deu a entender nesta quarta-feira o chefe da diplomacia de Teerã, Manuchehr Mottaki.

– O Irã não vê lógica alguma na aplicação de uma suspensão (do enriquecimento de urânio) e está disposto a explicar e expressar sua posição a respeito à outra parte – afirmou Mottaki em uma entrevista coletiva na capital iraniana.

No entanto, o grupo “5+1”, ou seja, os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (China, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha e Rússia) e Alemanha, espera que Teerã diga em 22 de agosto se aceita ou não suspender o enriquecimento de urânio.

No caso improvável de Teerã aceitar, a República Islâmica se beneficiará de uma cooperação econômica da parte ocidental.

No entanto, o Irã considera que a suspensão do enriquecimento de urânio não é uma condição e sim apenas um dos elementos da oferta do “5+1”.

– Estamos dispostos a negociar a respeito de todos os elementos da oferta, que inclui a suspensão do enriquecimento – assegurou Mottaki.

As palavras do chefe da diplomacia iraniana, no entanto, não dão margem a esperanças de que Teerã e as grandes potências resolvam a atual crise relativa ao programa nuclear da República Islâmica, que esta define como absolutamente pacífico ao passo que os ocidentais temem que seu único objetivo seja a fabricação da bomba atômica.

O fato é que nos últimos dias as principais autoridades do país, incluindo o presidente ultraconservador Mahmud Ahmadinejad, repetiram à exaustão que o Irã não está disposto a renunciar ao enriquecimento de urânio, processo fundamental para a fabricação de armas nucleares.

Ahmadinejad também enfatizou a recusa, já anunciada por outros membros do regime dos aiatolás, em relação à resolução adotada em 31 de julho pelo Conselho de Segurança para que o Irã suspenda o processo antes de 31 de agosto, sob pena de adoção de sanções contra Teerã pela ONU.

Mottaki, por sua parte, reiterou nesta quarta-feira que esta resolução é “ilegal e política e não tem valor algum”.

– A República Islâmica controla o ciclo completo do combustível nuclear e não vai abrir mão disso – declarou na terça-feira o presidente iraniano, citado pela agência oficial Irna.

Mottaki adotou um tom parecido ao assinalar que o “Irã dará sua resposta e não voltará atrás em seus direitos legítimos, sob nenhuma circunstância”.

O chanceler iraniano enfatizou que o objetivo de seu país é a produção de combustível para uso exclusivamente civil.