A obra, criada por volta de 1518-20 e que retrata Maria, José e Jesus com João Baptista, foi testada por uma ferramenta de IA que concluiu que a maior parte da pintura é de Rafael, mas o rosto de José foi pintado por uma pessoa diferente. Já a parte inferior é “muito provavelmente” do artista.
Por Redação, com ANSA – de Roma
O mistério em torno de uma obra-prima do pintor renascentista italiano Rafael Sanzio (1483-1520) exposta no museu do Prado, em Madri, pode ter sido resolvido por um programa de inteligência artificial desenvolvido pela Universidade de Bradford.
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Um algoritmo criado por um grupo de pesquisadores estabeleceu que a figura de São José que fica à esquerda na pintura Madonna della Rosa (A Virgem da Rosa, em português) não foi pintada pelo artista italiano, como alguns especialistas suspeitavam desde meados do século XVIII.
A obra, criada por volta de 1518-20 e que retrata Maria, José e Jesus com João Baptista, foi testada por uma ferramenta de IA que concluiu que a maior parte da pintura é de Rafael, mas o rosto de José foi pintado por uma pessoa diferente. Já a parte inferior é “muito provavelmente” do artista.
Segundo o matemático e cientista da computação Hassan Ugail, da Universidade de Bradford, no Reino Unido, para tenta esclarecer o mistério, os pesquisadores treinaram o algoritmo com todas as obras que foram atribuídas “com certeza” ao artista italiano.
– Através de uma análise profunda, usamos imagens de pinturas autenticadas de Rafael para treinar o algoritmo a reconhecer o seu estilo num grau muito detalhado, desde pinceladas, paleta de cores, sombras e todos os aspetos da obra – explicou ele.
Oficina de Rafael
Os especialistas debatem há muito tempo a atribuição da obra: alguns acreditam que ela pode, de fato, ser atribuída, pelo menos em parte, a artistas da oficina de Rafael, como Giulio Romano.
De acordo com o cientista, “o computador vê muito mais profundamente do que o olho humano, ao nível microscópico, e consegue reconhecer obras autênticas do artista com 98% de precisão”.
– Quando testamos a pintura como um todo, os resultados foram inconclusivos, por isso analisamos as diferentes partes separadamente: enquanto a IA confirma que o resto da pintura (a Virgem, o Menino e São João Baptista) pode ser atribuído para Rafael, o rosto de São José é provavelmente fruto de outra mão – concluiu Ugail.
Para os autores do estudo, publicado na revista Heritage Science, a IA poderá ajudar os historiadores em arte no futuro, sem substituí-los, no complicado processo de autenticação de uma obra, que obriga a considerar muitos aspectos ao mesmo tempo, como a origem, os pigmentos utilizados ou as condições em que se encontra.