Insetos são fonte de proteínas na África Central, diz FAO

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Publicado segunda-feira, 8 de novembro de 2004 as 21:06, por: CdB

Um relatório do Fundo para Agricultura e Alimentos das Nações Unidas (FAO) afirma que insetos comestíveis, como alguns tipos de lagartas e larvas fazem parte da alimentação diária e são importante fonte de proteína para os povos da África Central.

– Ao contrário do que se poderia pensar, em muitas regiões as lagartas não são um alimento que se come em situações de emergência, e sim, parte integral da alimentação cotidiana. São consideradas uma iguaria – diz Paul Vantomme, da FAO.

Segundo o estudo da agência, cerca de 85% dos entrevistados na República Centro-Africana afirmaram comer lagartas. Na República Democrática do Congo, o número cai para 70%, e em Botsuana, sobe para 91%.

– Os insetos comestíveis dos bosques são uma importante fonte de proteína e, diferentemente dos insetos que aparecem em terras agrícolas, não estão contaminados por substâncias contra pragas – afirma Vantomme.

Nutritivo

Cada cem gramas de lagarta seca contêm cerca de 53 gramas de proteína, 15% de gordura e 17% de carboidrato.

O valor calórico de cem gramas do alimento é cerca de 430 quilocalorias.

Os insetos têm uma maior proporção de proteína e gordura do que a carne de boi ou peixe, e um grande nível de energia.

Dependendo da espécie de inseto, também é possível encontrar grandes quantidades de minerais, como potássio, cálcio, magnésio, zinco, fósforo e ferro, além de vitaminas.

Segundo o estudo da FAO, a ingestão de cem gramas de insetos proporciona mais de 100% das necessidades diárias desses minerais e vitaminas.

De acordo com Vantomme, devido ao elevado valor nutricional, “em algumas regiões se utiliza uma farinha feita de lagartas na alimentação infantil, para combater a desnutrição”.

Nesses países, os insetos fazem parte da alimentação diária e é possível encontrá-los nos mercados locais das aldeias. Algumas espécies também chegam a mercados urbanos e restaurantes.

Lagartas e larvas chegam a ser exportados por países como o Sudão, a Nigéria e a República da África Central, segundo a FAO.

O comércio de insetos chega até a países da Europa como a Bélgica e a França, que importam cerca de quatro a cinco toneladas de insetos por ano.