Informe da FGV mostra preços em alta às véspera de resolução do Copom

Arquivado em: Arquivo CDB
Publicado quarta-feira, 15 de janeiro de 2014 as 14:38, por: CdB
copom
Presidente do BC, Tombini também preside o Copom, que estabelece a taxa de juros no país

A poucas horas de o Copom, do Banco Central, definir o novo nível do juro básico do país mais um índice de inflação mostrou os preços em aceleração. A Fundação Getúlio Vargas informou nesta quarta-feira que o Índice Geral de Preços-10 (IGP-10) subiu 0,58% em janeiro, após alta de 0,44% em dezembro. Entre os componentes do IGP-10, o Índice de Preços ao Produtor Amplo-10 (IPA-10), que mede a variação dos preços no atacado e responde por 60% do índice geral, subiu 0,55%, após alta de 0,38% em dezembro.

Já o Índice de Preços ao Consumidor-10 (IPC-10), que responde por 30% do índice geral, avançou 0,76% em janeiro, frente à alta de 0,68% no mês anterior. O Índice Nacional de Custo da Construção-10 (INCC-10), por sua vez, subiu 0,36% em janeiro, contra alta de 0,26% no mesmo período do mês anterior. A inflação no Brasil tem se mantido em níveis elevados, colocando mais pressão sobre o Banco Central. O mercado aguarda nesta quarta-feira a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC sobre a Selic, atualmente em 10% ao ano.

Pesquisa da agência inglesa de notícias Reuters mostra que a maioria dos analistas e economistas consultados esperava na semana passada alta de 0,25 ponto percentual na Selic, mas no mercado financeiro, a maioria das apostas era de avanço de 0,5 ponto. O IGP-10 calcula os preços entre os dias 11 do mês anterior e 10 do mês de referência.

Consumo menor

Outro dado que o Copom tende a avaliar, antes de determinar a nova taxa Selic, é a intenção de consumo das famílias brasileiras, que caiu 3% em janeiro deste ano na comparação com o mesmo período do ano passado, segundo pesquisa divulgada nesta quarta-feira, pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). De acordo com análise da instituição, a queda foi provocada principalmente pela menor disposição em comprar bens duráveis, já que este indicador teve recuo de 14,1%.

Outros indicadores que contribuíram para a queda foram menor intenção de compra a prazo (-7,3%), a perspectiva profissional (-3,2%), o emprego atual (-1,1%) e o nível de consumo atual (-0,5%). Alguns indicadores, porém, contribuíram para evitar uma queda maior da intenção de consumo das famílias: a renda atual, que avançou 0,4%, e a perspectiva de consumo, que cresceu 4,4%. A intenção de consumo caiu mais entre os consumidores com mais de dez salários mínimos (-5,4%). Entre os consumidores com até dez salários mínimos, caiu menos (-2,5%).

Fluxo cambial

Ainda no horizonte do Copom, o fluxo cambial, entrada e saída de moeda estrangeira do país, ficou negativo em US$ 737 milhões na semana passada, acumulando no mês saídas líquidas de US$ 1,217 bilhão, segundo informe do BC, nesta quarta-feira. As saídas de recursos da conta financeira – por onde passam os investimentos estrangeiros diretos e em portfólio, entre outros – foram as responsáveis pelo desempenho negativo. De acordo com o BC, a conta teve déficit de US$ 799 milhões entre 6 e 10 de janeiro, elevando o resultado negativo do mês para US$ 1,045 bilhão.

Já a conta comercial registrou entrada líquida de US$ 62 milhões na semana, mas o desempenho acumulado mensal ficou negativo em US$ 172 milhões. Nos dias 2 e 3 passados, o fluxo total já havia registrado saída líquida de US$ 480 milhões. O fluxo tem registrado fortes saídas de recursos diante de decisões do investidor frente o início da remoção dos estímulos monetários pelo Federal Reserve, banco central norte-americano.

Este e outros fatores levaram as saídas superaram as entradas no ano passado em US$ 12,261 bilhões, o pior resultado desde 2002. Como alívio, há expectativas de que possa ocorrer entradas de recursos no curto prazo após diversas empresas terem anunciado captação no exterior. A mais recente foi do Santander Brasil, cujo Conselho de Administração aprovou emissão de notes equivalentes a US$ 6 bilhões. Na segunda-feira, o BNDES lançou bônus 650 milhões de euros e, na semana passada, a Petrobras precificou emissões de 3,05 bilhões de euros e 600 milhões de libras.