Indianos pobres se candidatam a empregos no Iraque

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Publicado segunda-feira, 26 de julho de 2004 as 10:06, por: CdB

Sem se importar com o sequestro recente de sete caminhoneiros estrangeiros, indianos pobres continuam a fazer fila para conseguir passaportes, vistos e empregos no Iraque. Três indianos estão entre os sete reféns de um grupo islâmico, mas nos Estados do Punjab e de Himachal Pradesh, de onde vieram, vários homens mostram-se ansiosos para seguir os passos deles -mesmo que tenham que pagar por isso.

– Eu iria amanhã (para o Iraque) se tivesse o dinheiro para pagar um agente – disse Jagtar Singh, de 22 anos, atualmente desempregado e com poucas perspectivas de emprego.

Milhões de indianos mostram-se prontos para trabalhar nos países do golfo Pérsico, e muitos deles pagam somas consideráveis para agentes a fim de conseguir vistos e empregos. A recompensa: salários até cinco vezes maiores do que os que ganhariam em seu país.

Nos últimos meses, a Índia aparece como o maior fornecedor de mão-de-obra para as Forças Armadas dos Estados Unidos no Kuweit e no Iraque. Mesmo antes dos sequestros, indianos já tinham retornado para suas terras contando histórias de maus-tratos no Iraque e de atos de intimidação praticados por militares norte-americanos ali.

Mas isso não desanimou Sukhdev Singh, que pagou 1.700 dólares a fim de ter a chance de trabalhar no Iraque para uma empresa do Kuweit. Hoje, ele é um dos três indianos que estão sendo mantidos reféns por um grupo que ameaça decapitá-los. Os outros são três quenianos e um egípcio.

Muitas das pessoas reunidas em frente à casa de Singh, na semana passada, disseram que estavam pontas para assumir os mesmos riscos. Aproveitando essa disposição, agências de viagens em toda a Índia vêm recrutando vários profissionais – inclusive chefs, assistentes de cozinha e motoristas de ônibus – para o Exército dos EUA no Kuwait e no Iraque.  O governo indiano desencoraja seus cidadãos a trabalhar no Iraque, mas admitiu que 5.000 já foram para o país árabe.