O polêmico filme “Fahrenheit 9/11”, em que o diretor Michael Moore mostra sua oposição à guerra do Iraque, foi ovacionado em pé na noite de terça-feira por uma platéia de profissionais do setor que assistiram a sua pré-estréia na costa oeste norte-americana, na sede da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas.
O público de mais de 600 pessoas que lotou o cinema da Academia passou as duas horas do filme aplaudindo, assobiando e rindo, e, assim que terminou, levantou-se para ovacionar Michael Moore quando ele subiu ao palco.
Evidentemente animado pela recepção, Moore declarou: “Houve uma mudança neste país. O norte-americano médio finalmente começa a compreender o que aconteceu. Fomos enganados (para nos convencer a invadir o Iraque).”
“Espero que este país volte para nossas mãos em pouco tempo”, acrescentou.
Setores republicanos tacharam o filme de injusto.
Com o ataque contra um presidente americano que é extremamente impopular na Europa, “Fahrenheit 9/11” recebeu o prêmio máximo no recente Festival de Cinema de Cannes, mas a Disney, cuja subsidiária Miramax fez o filme, recusou-se a distribuí-lo.
O executivo-chefe da Disney, Michael Eisner, disse que a empresa não quis distribuir um filme extremamente partidário em um ano de eleição presidencial.
Ele vendeu os direitos sobre o filme de volta a Bob e Harvey Weinstein, os presidentes da Miramax, que formaram um consórcio para distribuir o filme, comprometendo-se a levá-lo aos cinemas até 25 de junho.
A disputa provocou uma série de denúncias de supostos desentendimentos entre Eisner e os irmãos Weinstein, incluindo uma publicada recentemente pelo The New York Times, especulando que Eisner estaria procurando um comprador para a prestigiosa subsidiária Miramax.
Weinstein aludiu a essa polêmica quando apresentou o filme e brincou, dizendo que ele e seu irmão vão publicar um anúncio classificado dizendo: “Dois executivos buscam empresa para dirigir. Currículos serão enviados a pedido.” Ele acrescentou: “Se alguém souber de alguma coisa, estaremos lá fora, aguardando.”
Michael Moore ganhou um Oscar por seu documentário de 2002 “Tiros em Columbine”, sobre o massacre da escola Columbine, em Colorado, e a facilidade com a qual é possível comprar armas de fogo nos Estados Unidos.
Nas declarações que fez na terça, Moore previu que “Fahrenheit 9/11” terá resultados três vezes melhores do que seu filme sobre Columbine, que rendeu um recorde para um documentário: 21,5 milhões de dólares.
Moore disse à Reuters após o evento que “Fahrenheit” vai estrear em entre 500 e 1.000 cinemas em 25 de junho, um número espantoso para um documentário.