Havaianas fazem sucesso na Europa e são vendidas por até R$ 500

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Publicado sexta-feira, 13 de junho de 2003 as 10:23, por: CdB

As sandálias havaianas viraram moda na Europa e chegam a ser vendidas por cerca de 100 libras (R$ 478) por estilistas na capital britânica, que decoram as tiras dos chinelos de borracha com pedras, cristais e miçangas.

Apesar do alto preço cobrado pelos estilistas, é possível encontrar Havaianas mais baratas em Londres; ainda assim, o valor médio de 20 libras (R$ 96) cobrado pelas sandálias em lojas como a Urban Outfitters e a Whistles é, no mínimo, 10 vezes superior ao encontrado no Brasil.

– Elas são caras, mas não páram de vender. É o ítem de maior sucesso deste verão – disse à BBC Brasil, Ali Inett, gerente da Whistles de Covent Garden, centro de Londres.

O sucesso das legítimas é tanto que fábricas na Argentina e na África já começaram a copiar as sandálias, de olho num mercado que não pára de crescer.

Classe média

Desde 2001, as exportações da sandália têm dobrado a cada ano.

Em 2003, a meta é exportar 5 milhões de pares; no ano que vem, as vendas no exterior devem chegar perto de 10 milhões.

– Poderíamos estar exportando muito mais. Mas queremos manter as sandálias como um produto de elite no momento para, posteriormente, começar a vender para a classe média – disse Carlos Roza, gerente de exportações da São Paulo Alpargatas, que fabrica as havaianas há 41 anos.

– Como ainda não estamos explorando esse segmento, acaba sobrando espaço para ação dos piratas. Nosso departamento jurídico está tendo trabalho com isso. É o preço da nossa fama – concluiu Roza.

Deu no New York Times

O sucesso das “legítimas” já virou tema de reportagens nas principais revistas e jornais do mundo.

Para o New York Times, as havaianas são a última palavra da moda para os pés.

O Le Monde, da França, estampou na manchete que o calçado das favelas conquistou as vítimas da moda.

Até o principal jornal de economia da Grã-Bretanha, o Financial Times, se rendeu ao sucesso dos chinelos de borracha: “A sandália de quem tem muito dinheiro e nada para provar”, disse o jornal.

Modelos

Segundo o diretor de comunicação da São Paulo Alpargatas, Rui Porto, a moda no exterior foi impulsionada por modelos brasileiras e estrangeiras que carregavam as sandálias na mala quando deixavam o Brasil.

– No passado, ter Havaianas era quase como exibir um atestado de pobreza. Mas conseguimos transformar as sandálias no calçado mais democrático do Brasil, usado tanto pela faxineira que limpa a piscina, quanto pela grã-fina que toma sol na mesma piscina – disse Porto.

– Depois disso, modelos brasileiras e também estrangeiras que visitavam o Brasil, como Naomi Campbell, acabaram divulgando as havaianas no exterior. A Naomi, por exemplo, já disse várias vezes ser fã das havaianas – acrescentou Porto.

Ele lembrou que a fama dos chinelos que, segundo o slogan “não deformam, não tem cheiro e não soltam as tiras”, chegou ao ápice quando 61 pares das sandálias foram dados de presente para todos os indicados ao Oscar deste ano.

Segundo Porto, o acordo entre a empresa e os organizadores da festa do Oscar não teve nenhum custo para a São Paulo Alpargatas, além, é claro, do custo das sandálias, da embalagem e do transporte.

Moda passageira

Para Rui Porto, a empresa está atenta para o risco de virar um artigo de moda passageiro e perder o espaço conquistado até então quando a moda passar.

– Tínhamos esse receio no Brasil, quando as havaianas passaram a ser um artigo fashion há alguns anos. Mas isso não aconteceu. Lançamos sempre novas cores e modelos, acompanhando a evolução do mercado – disse Porto.

– Tenho quatro Havaianas e não me canso delas – disse a escritora inglesa Kate Pemberton, que combinava um vestido marrom com um sandália da mesma cor.

– Fui ao Brasil recentemente e comprei sandálias para todos os meus amigos. Eles adoraram e não querem mais usar nenhum outro sapato, andam de havaianas o tempo todo – acrescentou a inglesa, que poderá testar e