Grupo ligado à al Qaeda executa dezenas de rebeldes rivais em luta fraticida

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Publicado segunda-feira, 13 de janeiro de 2014 as 12:03, por: CdB
Integrantes do EIIL lutam contra milícias rebeldes e contra o governo de Al Assad
Integrantes do EIIL lutam contra milícias rebeldes e contra o governo de Al Assad

O Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL), ligado à Al Qaeda, executou dezenas de rivais islamitas durante os últimos dois dias, conforme recuperava o controle sobre a maior parte do território que havia perdido na província de Raqqa, no norte da Síria, disseram ativistas no domingo. Um dos ativistas, falando a partir da província na condição de anonimato, disse que até 100 combatentes da Frente Nusra, outra afiliada da Al Qaeda, e da brigada Ahrar al-Sham, capturados pelo EIIL na cidade de Tel Abiad, na fronteira com a Turquia, foram mortos a tiros. Não houve confirmação independente sobre o relato.

Ainda segundo fontes de agências internacionais de notícias, combates travados entre jihadistas e rebeldes antigoverno, em sua maioria muçulmanos, no norte da Síria, deixaram em nove dias mais de 700 mortos e centenas de desaparecidos.

“Entre 3 de janeiro e 11 de janeiro, os combates deixaram 697 mortos reportados e centenas de prisioneiros nos dois lados, cujo destino ainda é ignorado”, afirmou neste domingo, em nota, o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), organismo com sede na Grã-Bretanha que se baseia em uma rede de militantes e fontes médicas que atuam em meio à guerra civil síria.

Fronteiras conflagradas

Segundo Hassan Sheikh Omar, médico baseado no sul da Turquia, de onde se pode ver a Síria, os combates têm sido cada vez mais ferozes.

– Nós ficamos surpresos. Há muitos dias o Estado Islâmico no Iraque e no Levante (EIIL) e os rebeldes começaram a lutar – diz ele.

Omar dirige um hospital no lado sírio da fronteira, na cidade de Darkush. Na segunda-feira, combatentes do EIIL, um grupo ligado à rede Al-Qaeda, detonaram um carro -bomba em um posto de controle de um grupo rebelde rival na mesma cidade.

– Nós tratamos cerca de 70 feridos após o carro-bomba. Nosso pessoal lutou para fazer o atendimento. Nós não temos suprimentos médicos suficientes – diz Omar.

Agora os sírios na região da fronteira encaram duas guerras. A primeira é entre o governo e os rebeldes. A segunda é entre os próprios grupos insurgentes.

Os combates entre os grupos rebeldes afetam a vida na Turquia. Por diversos dias, o governo fechou um grande posto de fronteira devido à luta no país vizinho. Uma fila de caminhões turcos esperando para entregar produtos agora se estende por quilômetros. Rebeldes sírios usam a região para se recuperar e reagrupar após batalhas do outro lado da fronteira.
Rebeldes

– O EIIL tentou me matar. Tentaram me matar com um carro-bomba – diz Abu Azzam, uma comandante do Exército Livre da Síria.

De um quarto de hotel na cidade fronteiriça de Hatay, Abu Azzam mostra um vídeo gravado na Síria. Nas imagens ele aparece fazendo um pronunciamento em frente a dúzias de colegas rebeldes.

Mais guerras

Dois dos homens que apareciam de pé ao lado dele, no vídeo que carregava entre seus pertences, estão mortos agora. Por pelo menos três anos, os combatentes de Abu Assam tinham um inimigo principal: o governo sírio. Mas agora eles lutam contra o EIIL.

– O EIIL tem muitas pessoas boas. mas seus comandantes cometem erros. É mais difícil lutar contra Assad ou contra o EIIL? Para nós: o EIIL. Não é uma questão militar. Quando combatemos o regime estamos preparados para morrer, e estamos felizes. Mas quando lutamos com o EIIL estamos combatendo nossos colegas de ideologia. Mas temos que nos proteger – ele afirma.

Em um comunicado divulgado em áudio nesta semana, o EIIL prometeu que não irá se render. O grupo ordenou que os outros grupos rebeldes desmontem seus postos de controle para não sofrer mais ataques. As guerras na Síria estão se multiplicando.