O número de massacres e assassinatos por motivos religiosos caiu mundialmente em 2003, mas a perseguição religiosa ainda está muito disseminada em países como a China e a Coréia do Norte, disse na sexta-feira uma associação católica.
“Podemos ter detectado no ano passado uma queda na violência religiosa do tipo que chega às manchetes, mas eu não diria que se trata de uma tendência”, disse Attilio Tamburini, do grupo Ajuda à Igreja que Sofre (ACS), na apresentação do relatório anual do grupo em defesa da liberdade religiosa.
“Também detectamos a manutenção da brutal situação de opressão em muitos países como a China, e 2004 pode ser pior em outros países onde o fundamentalismo está em ascensão”, disse Tamburini, diretor da divisão italiana da ACS.
O documento de 450 páginas analisa 183 países. A ACS é uma instituição ligada à Santa Sé. Foi fundada em 1947 para ajudar as pessoas que sofrem perseguição devido às suas crenças, e vem publicando um relatório sobre o assunto há seis anos.
A edição mais recente critica especialmente China, Coréia do Norte, Indonésia, Índia e Paquistão. Segundo o grupo, os governos e as maiorias religiosas desses países reprimem sistematicamente as manifestações religiosas.
O Vaticano acusou esta semana a China de violar os direitos humanos e exigiu que explicações sobre a prisão de três bispos católicos no mês passado.
A China impede que os católicos reconheçam a autoridade do papa e força os fiéis a participar de associações estatais para que possam realizar suas atividades livremente. Os que se recusam a participar acabam pregando em segredo e entrando em grupos clandestinos.
“Não vemos apenas tentativas de reprimir indivíduos, mas sim de eliminar todos os objetos e estruturas ligadas à liberdade religiosa, principalmente escolas”, disse o padre Bernando Cervellera, autor dos capítulos sobre a Ásia. “Eles os bloqueiam, incendeiam e destroem”.
Na Índia, fundamentalistas hindus negam os direitos constitucionais de outras religiões com medidas como leis anticonversão, que já foram adotadas em cinco Estados, preocupados com a adesão ao cristianismo, disse a ACS.
No Paquistão, os cristãos não podem ser oficialmente indiciados, mas vêm sendo presos por causa de uma lei de blasfêmia, que pune ofensas ao Islã, disse o grupo.
O grupo afirmou que vê sinais de mudança na região do Golfo, apesar da opressão na Arábia Saudita, um dos países em que o problema é mais grave. “Sinais positivos indicando um desejo de reforma apareceram nos últimos anos — reformas pela igualdade entre homens e mulheres e por direitos humanos que, tomara, melhorem a perspectiva da liberdade religiosa”, disse o grupo.