Greenspan diz que juros vão subir nos EUA, mas não agora

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Publicado quarta-feira, 21 de abril de 2004 as 20:01, por: CdB

O chairman do banco central norte-americano, Alan Greenspan, afirmou nesta quarta-feira que as taxas de juros dos Estados Unidos precisarão subir em algum momento, mas parece ter descartado uma alta iminente ao dizer que um crescimento mais vigoroso da economia ainda não pressionou os preços.

Em discurso diante do Congresso, o chairman do Fed repetiu que o longo período de deflação nos EUA acabou e que a equipe do banco central do país está com alerta intensivo sobre uma necessidade de ampliar a taxa de juros. Mas ele não deu uma sinalização de quando isso pode acontecer:

– Como havia dito anteriormente, a taxa básica de juros precisará ser elevada em algum momento para prevenir pressões inflacionárias que eventualmente podem surgir”, disse Greenspan. “Até agora, o prolongado período de acomodação monetária não favoreceu um ambiente em que grandes pressões inflacionárias tenham sido construídas.

Os mercados financeiros ficaram inseguros sobre o rumo dos juros com a declaração de Greenspan, na terça-feira, de que a deflação – principal justificativa para o longo período de juros baixos nos EUA – não é mais uma preocupação. Mas, na quarta-feira, o foco foi dado às palavras do chairman do Fed sobre a falta de pressão inflacionária.

O rápido crescimento dos EUA e das economias globais estão fazendo com que haja aumento de preços nos estágios iniciais da produção e nos mercados de energia, mas isso não é problema porque a produtividade está sendo mantida com custo restrito para mão-de-obra, disse Greenspan.

Alta produtividade significa que as companhias podem usar a atual força de trabalho para produzir mais sem que os salários ou benefícios, responsáveis por cerca de 2/3 dos aumentos nos preços, sejam elevados.

Essa situação dá ao Fed a oportunidade de mover a política de taxa de juros dos EUA lentamente, com risco menor, quando os preços subirem.

– Quando você tem o benefício muito significativo de aumentar a produtividade por hora, isso significa que você pode avaliar melhor cada passo – disse Greenspan.

A aceleração global foi reforçada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), que em seu relatório semestral intitulado Panorama Econômico Mundial, publicado na quarta-feira, elevou a projeção de crescimento global em 2004 para 4,6%. O FMI estima o mesmo percentual para a melhora da economia dos EUA este ano, o que será o maior crescimento em 20 anos se confirmado.

Baixa pressão

Analistas afirmaram que não há dúvidas de que os juros norte-americanos estão no caminho de subir, mas Greenspan fez questão de ressaltar que o Fed não está sob pressão para elevar a taxa.

A taxa básica de juros dos EUA está atualmente em 1% ao ano, o nível mais baixo desde 1958, após 13 cortes pelo Fed para retirar a economia da recessão em 2001, agravada pelos ataques terroristas de 11 de setembro.

– A razão pela qual mantivemos a taxa em 1 por cento durante todo esse período não é porque pensávamos que a inflação tinha ido embora e não era mais problema. É porque nós acreditamos que, dada a estrutura essencial de custos e preços e lucratividade, a emersão de inflação a uma velocidade razoavelmente rápida… não estava no horizonte – concluiu Greenspan.