Greenpeace invade central nuclear francesa em protesto

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Publicado quinta-feira, 4 de dezembro de 2003 as 10:22, por: CdB

Uns 60 ativistas do Greenpeace entraram nesta quinta-feira, na central nuclear de Penly (Seine-Maritime, norte) para protestar contra a construção do reator nuclear de nova geração EPR, informaram a organização ecologista e EDF.

O grupo elétrico francês Eléctricité de France se mostrou indignado com a ação e lamentou que o “Greenpeace prefira as ações espetaculares e de força que um debate democrático sobre um projeto tão essencial para o futuro energético de nosso país”.

Os ativistas do Greenpeace pediram, por sua vez, que a EDF que não lhes “imponha um novo reator nuclear mas escute a vontade européia, preferindo a via das energias renováveis”.

Sob o lema de “nada de EPR, mas vento!”, a operação surpresa do Greenpeace consistiu em colocar uma dezena de réplicas de antenas eólicas, de 4 metros de altura, na praia que margeia a central nuclear de Penly, e na colocação de uma banderola com a citada frase no edifício principal do reator.

O Greenpeace exigiu que a EDF invista os 3 bilhões de euros necessários para a construção do EPR em antenas eólicas.

-O EPR é um projeto completamente superado que o lobby nuclear francês tenta impor na Finlândia e na França-declarou Kaisa Hoseonen, do Greenpeace da Finlândia.

-Esse reator é do final dos anos 80 e não traz melhoras significativas em nível de segurança: nem sequer foi concebido para resistir à queda de um avião e complica ainda mais a gestão de desfeitos ao generalizar o uso do plutônio- disse Hoseonen.

Segundo o Greenpeace, este projeto põe em perigo o desenvolvimento de energias renováveis na França e nos países europeus cujas companhias elétricas vão importar a energia excedente.
Atualmente, há 34 reatores na França com uma potência de 900 megawatts cada um, 20 de 1.300 megawatts e 4 de 1.450 megawatts, que entraram em serviço desde 1977 -sobre tudo nos anos 80- e que se baseiam em protótipos projetados nos anos 50 e 60.

O Executivo francês defende a pertinência de desenvolver o EPR para dispor a todo momento das tecnologias mais avançadas.

A decisão definitiva sobre os reatores que substituirão os atuais não será adotada até o início de 2004, quando o Governo deve apresentar um projeto de lei de orientação que deve definir a política energética francesa para os próximos 30 anos.

A ministra delegada francesa da Indústria, Nicole Fontaine, se manifestou reiteradamente a favor do EPR, pois tem, segundo ela, “vantagens incontestáveis”: “é dez vezes mais seguro”, “10 por cento mais competitivo”, reduzirá “o preço da eletricidade” e produzirá “menos desfeitos radioativos”.

A energia nuclear representa 39 por cento do consumo total da energia francesa, contra 54 por cento das energias fósseis (carvão, petróleo e gás) e 7 por cento das renováveis (solar e eólica).