Grama artificial será testada em competições na Europa

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Publicado segunda-feira, 29 de novembro de 2004 as 20:32, por: CdB

Pelé diz que poderia ter melhorado sua marca de 1.282 gols se tivesse jogado em grama artificial.

Os jogadores da Europa que querem superar a marca do brasileiro podem ter agora a chance de testar a teoria, graças à recente decisão da UEFA de permitir o uso de campos artificiais em competições a partir da próxima temporada.

O debate sobre a grama artificial vem de décadas, mas Pelé é fã da nova geração de gramados sintéticos e defende o uso na Copa do Mundo de 2010 na África do Sul.

“Se eu tivesse jogado naquele tempo na grama artificial de hoje eu teria marcado muito mais gols”, disse Pelé a dirigentes no encontro Sports Turf Summit 2004, da revista Stadia, em Berlim neste mês. “Os jogadores não se machucam tanto como na grama natural.”

A Uefa disse neste mês que o avanço da qualidade tornou o gramado artificial comparável, ou até mesmo melhor, que algumas gramas naturais.

O chefe-executivo Lars-Christer Olsson disse que a Uefa sancionará o uso do material artificial para jogos da Copa dos Campeões e da Copa da Uefa.

A decisão será um impulso para países com invernos rigorosos, onde a manutenção da grama é difícil, disse.

A grama artificial existe desde os anos 1960, mas passou por tempos difíceis.

Nos Estados Unidos, ficou claro rapidamente que os jogadores de futebol americano preferiam a grama natural aos primeiros modelos de superfície artificial.

“Havia um consenso de que o índice de contusões era muito maior do que na grama natural”, disse Timothy Gay, professor de física na Universidade de Nebraska-Lincoln, e autor de ‘Football Physics: The Science of the Game’. (Física do Futebol: A Ciência do Jogo).

Fricção, queimaduras de segundo grau, mãos com bolhas e danos a ligamentos e tecidos eram lesões comuns.

“Muitos times trocaram para grama natural depois de contusões graves…na NFL (liga profissional de futebol americano), os jogadores ainda preferem grama natural”, disse Gay.

Em comparação com a Field Turf, uma das mais novas versões da grama artificial no mercado, as primeiras gerações eram muito mais finas, disse Gay.

A Field Turf, conhecida como grama de “terceira geração”, é mais grossa e por isso tem menor probabilidade de causar lesões, dizem os fabricantes.

“Estamos ouvindo no mercado que muitos times estão pensando nessa opção”, disse Pall Halldorsson, chefe-executivo da Metatron EHF, agente da Field Turf na Islândia.

Apesar de ainda não terem sido feitos estudos de longo prazo sobre a Field Turf e seus correspondentes, Halldorsson disse que “alguns estudos parecem indicar que há menos contusões do que em grama natural”.

A Fifa aprovou 16 fabricantes de grama artificial, que está sendo usada em cerca de 80 estádios, incluindo locais na Europa como Almelo (Holanda), Dunfermline (Escócia), Orebro (Suécia) e Salzburg (Áustria), que fizeram parte do projeto piloto da Uefa.

O gramado artificial de Dunfermline virou manchete no jogo inaugural quando um atacante sofreu queimaduras ao dar um peixinho.

Uma mistura de borracha, fibra sintéticas e areia, a grama artificial não exige a mesma manutenção da grama natural.