A Grã-Bretanha se contrapôs ao poderio dos blockbusters de Hollywood, recorrendo à tecnologia digital de vanguarda para ampliar o alcance dos filmes independentes que, com frequência, precisam lutar muito para conseguir distribuição ampla.
O Conselho de Cinema do Reino Unido, organismo financiado pelo governo britânico, anunciou na segunda-feira que vai equipar 150 cinemas em todo o país com projetores digitais, em troca da garantia de que os equipamentos serão usados para exibir filmes de orçamento menor, estrangeiros e clássicos.
“Queremos proporcionar mais escolhas ao público”, disse uma porta-voz do Conselho.
“Há evidências claras de que o público deseja uma gama maior de filmes em seus cinemas locais. Ele não quer sempre poder assistir apenas a blockbusters de Hollywood.”
Devido ao alto custo e à produção limitada dos filmes feitos em 35 milímetros, os cinemas com frequência não se dispõem — ou não têm condições financeiras — a exibir filmes menos conhecidos, feitos com orçamentos menores, que correm o risco de não atrair um público suficiente para lhes garantir lucros.
Entretanto, cópias digitais, feitas por uma fração do custo, reduzem o risco financeiro e podem ser produzidas mais facilmente e em número muito maior, o que, potencialmente, poderia reduzir a hegemonia de blockbusters como “Harry Potter” nas telonas.
O Conselho de Cinema citou filmes como o documentário dramático britânico “Touching The Void”, o neozelandês “Encantadora de Baleias” e a comédia alemã “Adeus, Lênin!” como exemplos do tipo de filme que espera levar ao público mais amplo.
“Queremos que mais pessoas assistam a filmes rodados em línguas estrangeiras, filmes britânicos não voltados ao público de massas, filmes que tratam diretamente de questões culturais e políticas e filmes de arquivo em cópias restauradas”, disse a representante do Conselho de Cinema.
No momento, apenas nove cinemas do Reino Unido, de um total nacional de 3.200, oferecem projeção digital de alto nível.
Financiado pela Loteria Nacional, o projeto de 13 milhões de libras (23,80 milhões de dólares) vai entregar aos cinemas os equipamentos digitais de graça — mas os cinemas terão que assumir um compromisso sério e de longo prazo em exibir filmes especializados.
Os cinemas do país inteiro, desde as salas pequenas em cidades do interior até os complexos de várias salas em shoppings, terão prazo de até o final de outubro para candidatar-se a fazer parte da Rede de Telas Digitais. O Conselho de Cinema do Reino Unido disse que pretende instalar os equipamentos até o início de 2005.