Governo sírio é pressionado a permitir ajuda humanitária

Arquivado em: Arquivo CDB
Publicado segunda-feira, 27 de janeiro de 2014 as 13:14, por: CdB
Vice-chanceler da Síria, Faisal Mekdad, membro da delegação do governo sírio, fala com jornalistas ao chegar para a primeira reunião direta com a delagação da oposição síria e o mediador da ONU, Lakhdar Brahimi, em Genebra
Vice-chanceler da Síria, Faisal Mekdad, membro da delegação do governo sírio, fala com jornalistas ao chegar para a primeira reunião direta com a delagação da oposição síria e o mediador da ONU, Lakhdar Brahimi, em Genebra

O governo sírio foi pressionado nesta segunda-feira a permitir que caminhões de ajuda entrem na cidade rebelde de Homs, que está sitiada pelas forças do governo, à medida que os negociadores tentam salvar as negociações de paz tendo como foco gestos humanitários.

O governo disse que mulheres e crianças poderão deixar Homs, e delegados do governo e da oposição também falaram sobre uma possível libertação de prisioneiros.

O mediador da ONU, Lakhdar Brahimi, disse esperar que as negociações, que continuam nesta segunda-feira em Genebra, possam avançar para a questão principal a dividir os dois lados após três anos de guerra civil — o futuro político da Síria e o destino do presidente Bashar al-Assad.

Homs, que ocupa uma localização estratégica na região central do país, é um campo de batalha crucial. As forças de Assad retomaram no ano passado muitas das áreas no entorno, deixando os rebeldes sitiados no centro da cidade, junto com milhares de civis.

O vice-chanceler sírio, Faisal Mekdad, disse em entrevista coletiva no domingo que o governo permitirá a saída de mulheres e crianças do centro da cidade se os rebeldes garantirem uma passagem segura. O mediador da ONU disse que compreendia que eles estariam livres para deixar Homs imediatamente.

Segundo Mekdad, “se os terroristas armados em Homs permitirem que mulheres e crianças deixem a cidade velha de Homs, nós vamos permitir todos os acessos a eles. Não apenas isso, vamos fornecer abrigo, medicamentos e tudo que for necessário.”

– Estamos prontos para permitir que toda ajuda humanitária entre na cidade por meio… dos acordos feitos com a ONU – acrescentou.

Diplomatas ocidentais disseram que o governo sírio deve agir rapidamente para permitir que isso aconteça ou enfrentará possível resolução do Conselho de Segurança da ONU, onde China e Rússia tem sido pressionadas a retirar a oposição a tal medida.

Negociações

As conversações de paz sobre a Síria em Genebra, na Suíça, chegaram a um impasse depois de uma breve reunião nesta segunda-feira, em que regime e oposição discutiram a transferência do poder no país. As negociações foram suspensas depois de a delegação que representa o regime de Bashar Al Assad ter apresentado uma declaração de princípios sobre a proteção das instituições estatais e a ameaça de grupos terroristas.

A oposição rejeitou o documento, insistindo que as conversações têm de centrar-se em uma transição política, e o mediador do encontro, o enviado especial das Nações Unidas (ONU) e da Liga Árabe, Lakhdar Brahimi, suspendeu a reunião.

– As conversações de hoje não foram construtivas por causa da estratégia do regime , que muda de assunto para falar de terrorismo – disse um dos  membros da delegação da oposição, Rima Fleihan.

Uma fonte da delegação do governo informou, por outro lado, que a oposição se recusa a discutir qualquer outro assunto que não seja a criação de um governo.  Os representantes da oposição exigem que Bashar Al Assad abandone o poder e que seja formado um governo de transição, em conformidade com o que foi decidido na primeira conferência de paz sobre a Síria, também em Genebra, em 2012. O governo recusa debater o papel de Assad e nega que o acordo de 2012 exija o seu afastamento.

Lakhdar Brahimi deverá reunir-se separadamente com as duas delegações hoje à tarde para tentar aproximar posições.