Governo atrasa documentação pedida por chineses

O Ministério da Agricultura ainda não encaminhou à China a documentação necessária para a renovação da certificação de segurança da soja transgênica brasileira. O governo chinês suspendeu a emissão de licenças de importação do produto porque os papéis enviados pelo Brasil venceram no dia 31 de dezembro. O Ministério da Agricultura informou que resolverá o problema na quinta-feira (13). Os técnicos estavam aguardando a sanção da Medida Provisória 223, que autorizou o plantio e a comercialização da soja geneticamente modificada no Brasil. A sanção era aguardada para hoje.

Além da burocracia, os produtores de soja têm outro problema a enfrentar este ano. O governo prevê que, mesmo com o trabalho de controle da ferrugem asiática nas lavouras de soja, o número de focos em todo País deve aumentar. É o que avalia André Peralta, que integra o consórcio antiferrugem criado pelo Ministério da Agricultura e Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

Peralta, técnico do Departamento de Defesa e Inspeção Vegetal do Ministério, explicou que o aumento das chuvas deve propiciar o aparecimento de novos focos. “O número só não é maior porque a Bahia ainda não foi afetada. Lá as condições climáticas têm ajudado”, disse.

Os focos em Tocantins também só começaram a ser registrados nos últimos dias.

– Não se sabe ainda como os focos vão evoluir – disse, justificando não ser possível fazer uma previsão dos prejuízos para a safra 2004/2005.

– Foco não é perda. O objetivo é o contrário: é identificar o foco para fazer o controle químico e evitar as perdas – explicou.

Ele acredita que as perdas devem ser menores que na safra anterior, quando, estima-se, houve um prejuízo da ordem de US$ 3 bilhões.

– A quebra talvez não seja grande porque o produtor está preparado para reconhecer a ferrugem – avaliou.

No entanto, o técnico admite que os números já são altos. Segundo o monitoramento feito pelo consórcio, são 208 focos, dos quais 118 em lavouras comerciais, em 11 Estados.