Gol e ALL buscam compradores para a estrear na Bovespa

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Publicado terça-feira, 1 de junho de 2004 as 10:14, por: CdB

Mais duas empresas começam a trilhar o caminho para a Bolsa de Valores de São Paulo nesta semana. América Latina Logística (ALL) e Gol linhas aéreas começam a rodar o país, e depois o mercado externo, para se apresentarem e atrair compradores para as suas ações.

– As duas vão vir a mercado praticamente juntas – disse uma fonte próxima a um dos lançamentos, que acredita que as duas estréias aconteçam até o fim de junho. Segundo essa fonte, os emissores não temem dividir as atenções dos investidores.

O que essas últimas operações mostraram é que o mercado primário está numa dinâmica diferente”, disse, comparando a valorização de papéis lançados recentemente, como os da Natura, aos reveses sofridos pela bolsa ao longo de maio.

As duas companhias, segundo fontes, pretendem vender cerca de US$ 200 milhões, cada uma. No caso da ALL, operadora de 15 mil quilômetros de ferrovias no Brasil e na Argentina, a história a ser contada para cativar os investidores tem muito a ver com o setor agrícola.

– O agribusiness responde por um pouquinho mais de 50% do faturamento da companhia – diz a fonte próxima à operação.

Metade da emissão da ALL se converterá em investimentos, sobretudo em vagões e locomotivas para elevar a capacidade de escoamento da produção agrícola do oeste do Paraná para o porto de Paranaguá. A outra metade fica com os sócios, que também venderão parte das ações que detêm.

Ainda que as duas companhias sigam os passos da Natura, suas ações não serão lançadas no Novo Mercado, ambiente de negociação criado pela Bovespa com regras mais rígidas de respeito aos direitos de acionistas minoritários.

Uma das exigências do Novo Mercado é que a empresa só tenha ações com direito a voto, e ao menos um quarto delas em circulação. Para a Gol, seria impossível garantir que 80% do capital ficasse nas mãos de brasileiros, como manda a lei. Na ALL, converter todas as ações em ordinárias deixaria os controladores com menos da metade da companhia.

Para compensar, as empresas darão direitos acima dos exigidos na bolsa, como o tag-along integral, que permite aos minoritários venderem suas ações pelo mesmo preço pago em uma eventual troca de controle. Com isso esperam atrair o interesse de pequenos investidores, que ao lado dos estrangeiros garantiram o sucesso da emissão da Natura. Na ALL, 10% da emissão será dedicada preferencialmente ao varejo.