Gil inaugura participação brasileira no Fórum Universal das Culturas

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Publicado quinta-feira, 13 de maio de 2004 as 21:32, por: CdB

O ministro da Cultura do Brasil, Gilberto Gil, inaugurou, nesta quinta-feira, a participação brasileira nas grandes conferências internacionais que fazem parte do Fórum Universal das Culturas, em Barcelona, na Espanha. O ministro foi um dos palestrantes de um debate com o tema “Do conhecimento à sabedoria”.  Gil iniciou a palestra usando a projeção da capa do seu disco Parabolicamarà (1991), em que aparece sua filha, Maria, carregando um cesto de palha no formato de uma antena parabólica. “Nesse tempo, quando gravei o disco, vislumbrava a globalização de uma forma contente mas também trágica”, disse, para acrescentar que “só quem percebe as mudanças pode conquistar vitórias”.

Ao longo dos quase 20 minutos de oratória, cantarolou músicas de sua autoria (Expresso 222 e Parabolicamará) e citou Camões e Fernando Pessoa para falar de diversidade cultural, resistência de manifestações culturais, globalização e também de sua trajetória pessoal, desde a infância na Bahia, passando pelo exílio durante a ditadura e o ingresso na vida pública.

Para fazer o contraponto ao conceito da homogeneização cultural mundial, um dos tópicos  propostos para o debate, o ministro contou sobre uma pesquisa feita na Internet, em que buscou sites e informações sobre capoeira e samba. Para sua surpresa, havia 553 mil páginas sobre o assunto capoeira e mais de 5 milhões sobre samba. “Falar em homogeneização é simplificar a realidade”, pontuou Gil.

A pesquisa relatada, conforme ele, é um exemplo de fenômenos de expansão cultural naturais, sem que haja política centralizada ou orquestrada para tal. “Devemos identificar e fortalecer o que já existe, isso é mais eficiente que impor formas de comportamento às pessoas ou dizer como devem ser ou permanecer, cultura é uma obra aberta, um software de código aberto”.

O ministro usou ainda o tempo da palestra no Centro de Convenções do Fórum – o espaço nobre construído especialmente para o evento, com capacidade para 3.000 pessoas – para falar da importância de ampliação dos espaços de comunicação entre as pessoas, como a iniciativa do Fórum Universal das Culturas. Ao seu lado, como palestrantes do mesmo debate, estavam Michael Renner, diretor do Worldwatch Institute, Emilio Lamo de Espinosa, do Real Instituto Elcano e Obadia Harris, presidente da instituição americana Philosophical Research Society.

Nesta sexta-feira, pela manhã, o ministro terá dois momentos com a imprensa internacional. Às 11h15, falará sobre o show que fará à noite, no palco principal do Fórum Universal das Culturas e às 11h45, junto com Rigoberta Menchú, prêmio Nobel da Paz, dará coletiva sobre o debate “Memória Compartilhada”, que também faz parte da programação do Fórum.

No sábado, dia 15, o músico Carlinhos Brown dá continuidade à participação brasileira no Fórum. Brown levarà seu Camarote Andante para o Passeig de Gràcia, uma das principais avenidas de Barcelona, onde promete reproduzir o carnaval brasileiro.