O presidente do PT, José Genoino, fez um périplo por gabinetes de líderes peemedebistas para pedir a permanência do partido na base de apoio ao governo. A relação entre os dois partidos está abalada por conta de insatisfações de peemedebistas em relação ao Palácio do Planalto.
– O PT fez essa visita ao presidente do PMDB para oficializar que o PT vai apressar todos os instrumentos para que seja reintegrado à base de apoio do governo Lula – afirmou Genoino a jornalistas após se reunir com o presidente da sigla, Michel Temer.
Segundo o petista, seu partido está aberto a um diálogo franco sobre os possíveis erros cometidos no tratamento dado ao PMDB, que reclama desde a falta prestígio até o não cumprimento de promessas.
– O PT quer discutir a relação – disse o presidente da legenda.
Para aparar as arestas, Genoino chegou a admitir uma aliança mais encorpada nas eleições presidenciais. Nos bastidores do Congresso, comenta-se que o PMDB pede a vice-presidência da República numa eventual reeleição de Lula.
– Em relação a 2006, o PT está aberto a discutir uma proposta mais avançada de aliança, quando este momento for colocado – comentou Genoino.
Depois de Temer, o petista visitou o líder da sigla no Senado, Renan Calheiros. Havia ainda a expectativa de um encontro com o presidente do Senado, José Sarney.
O presidente do PMDB manifestou uma postura mais cautelosa em relação às promessas de Genoino, argumentando que a decisão sobre consolidar a aliança ou desembarcar dela definitivamente será tomada pela convenção nacional, marcada para 12 de dezembro.
– O PMDB tem que deixar o adesismo para fazer coalizão…O PMDB não pode ocupar posição satélite – disse ele.
O apelo para manter o partido como aliado do Palácio do Planalto começou a se intensificar após uma reunião entre as lideranças do partido na quarta-feira, onde a legenda indicou a tendência aparentemente predominante de querer se afastar do governo.
Após a reunião do partido, o ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo, recebeu em sua casa peemedebistas que desejam a permanência da legenda na base de sustentação política do governo.
A reunião foi à noite e contou com a presença de Renan Calheiros, o ministro das Comunicações, Eunício Oliveira, e o líder da sigla na Câmara, deputado José Borba (PR). Na ocasião, foi feita uma avaliação do encontro do PMDB, que ocorreu mais cedo.
Um documento assinado por nove titulares e cinco suplentes da executiva nacional do partido foi entregue a Temer na quarta-feira.
Os governistas do PMDB querem forçar a realização de convenções regionais para que aqueles que desejam deixar o governo assumam a decisão publicamente, o que, segundo avaliam parlamentares da sigla, dificultaria um posicionamento que pendesse para a oposição.
– Tem que fazer convenção, ouvir correntes diferentes e botar a cara – afirmou uma fonte do PMDB.