Gasolina pressiona e inflação pelo IPCA acelera

Arquivado em: Arquivo CDB
Publicado sexta-feira, 7 de outubro de 2005 as 10:58, por: CdB

Reajustes de preços administrados e monitorados levaram o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) a registrar em setembro a maior taxa de inflação desde maio, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na sexta-feira. O IPCA subiu 0,35% em setembro, seguindo a taxa de 0,17% em agosto. Analistas previam em média alta de 0,34%.

Esses aumentos de preços são pontuais e, segundo analistas, não preocupam já que o cenário de inflação segue benigno até o fim do ano após o forte aperto monetário promovido pelo Banco Central desde 2004 e a recente valorização do real.

– Foi gasolina que pesou e algumas deflações que estavam muito fortes reduziram a queda, como alimentos, o que é natural. O comportamento da inflação está tranquilo, os preços livres estão tranquilos. Você está em um patamar mais baixo de inflação – disse Adauto Lima, economista do WestLB do Brasil.

O núcleo por médias aparadas com suavização subiu 0,50% em setembro, ante 0,36% em agosto. Sem suavização, ele subiu 0,34%, ante 0,28% em agosto. O núcleo por exclusão – sem alimentos no domicílio e preços monitorados – avançou 0,30% em setembro, comparado a 0,26% anterior. Segundo Newton Rosa, economista-chefe do Sul América Investimentos, “no mês anterior, houve fatores pontuais que derrubaram o núcleo e agora eles saíram e os núcleos subiram em setembro”.

Em alta

Os preços de gasolina avançaram 3,36%, com impacto de 0,14 ponto percentual sobre a taxa do mês, representando 40% do índice. O aumento reflete parte do reajuste autorizado pelo Petrobras em 10 de setembro. O impacto dos combustíveis deve continuar em outubro.

– Vai ter algum impacto de gasolina em outubro e os alimentos talvez já não puxem tanto para baixo, então a taxa deve acelerar um pouquinho – afirmou Vladimir Caramaschi, economista-chefe da Fator Corretora.

Os preços de alimentos caíram pelo quarto mês seguido, mas em ritmo menor. A queda foi de 0,25 %. Tiveram aumento de custos itens como frango, café e carnes.

– Vejo 0,45% em outubro, 0,40% em novembro e 0,45% em dezembro, patamares que se anualizados estão um pouquinho acima, mas compatíveis com a meta, principalmente se você pensar que nos primeiros meses do ano, as taxas mensais anualizadas estavam perto de 7%, às vezes acima do teto da meta – acrescentou Caramaschi.

Outro impacto em setembro veio de água e esgoto, com avanço de 2,08%, devido a reajustes em São Paulo e Belém. Os preços de passagens aéreas subiram 2,96 %, os de plano de saúde, 0,96 %, os de comdomínio, 1,21% e os de automóveis usados, 1,01%. O IPCA acumula no ano elevação de 3,95% e nos últimos 12 meses, de 6,04%. O IPCA mede a variação dos preços para famílias com renda de até 40 salários mínimos nas regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Brasília e Goiânia.

Recife teve a maior alta do IPCA, de 0,48%, seguido por São Paulo, de 0,47%. Apenas Goiânia teve deflação, de 0,06%. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) subiu 0,15% em setembro, contra estabilidade em agosto. O INPC mede os preços para famílias com renda de até 8 salários.