G8 se une a pressão de quarteto e pede calma na retirada de Gaza

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Publicado quinta-feira, 23 de junho de 2005 as 16:27, por: CdB

Os ministros das Relações Exteriores dos países que formam o Grupo dos Oito (G8) pediram na quinta-feira a Israel que a desocupação da Faixa de Gaza seja realizada de forma ordenada. O pedido foi feito no mesmo dia em que as potências mundiais exortaram o Estado judaico a permitir a livre movimentação de palestinos nos territórios ocupados.

Os ministros do G8 (composto pelos sete países mais industrializados do mundo e a Rússia) estão reunidos na Grã-Bretanha. Eles disseram que a retirada tranquila de Gaza, programada para agosto, é vital para renovar o processo de paz, que está emperrado por quase cinco anos de violência.

– Apelamos a Israel e à Autoridade Palestina que se coordenem no planejamento da retirada – disseram os ministros num comunicado. – A desocupação de Gaza tem de ser um sucesso.

Antes da reunião, o chamado “quarteto para o Oriente Médio” — formado por Estados Unidos, Rússia, União Européia e ONU — havia instado Israel a “tomar medidas imediatas… para facilitar a reabilitação e a reconstrução, permitindo o fluxo de bens e de pessoas entrando e saindo de Gaza e da Cisjordânia, e circulando entre eles”.

Os mediadores da paz também disseram que israelenses e palestinos deveriam se reunir com mais frequência para consolidar o planejamento da retirada de Gaza.

O enviado especial do quarteto, James Wolfensohn, ex-presidente do Banco Mundial, disse que estava entusiasmado com a cooperação israelo-palestina em problemas práticos, como a ligação de Gaza com o resto do mundo.

– Passamos das tentativas de estabelecer uma agenda para o tratamento de problemas reais – disse ele a repórteres depois de falar aos ministros do G8.

– Embora ainda haja obstáculos no caminho, estou infinitamente mais otimista hoje do que estava há duas semanas –  afirmou.

Líderes israelenses e palestinos têm divergências quanto à questão de como equilibrar os esforços de Israel para barrar a entrada de militantes com a necessidade dos palestinos de passar mais rápido pelas longas filas dos postos de controle.

Wolfensohn, que tem a tarefa de reanimar a economia palestina depois da retirada, apresentou duas idéias aos ministros. Ele quer um pacote de ajuda aos palestinos para durante a retirada e para o período imediatamente posterior, com empregos, moradia e infra-estrutura. Também pediu apoio para um programa de três anos para criar instituições estatais.

A reunião dos ministros das Relações Exteriores tem prioridades diversas daquelas da cúpula do G8 que acontece no mês que vem em Gleneagles, na Escócia, quando o premiê Tony Blair pretende obter a concordância dos líderes mundiais para um combate maior à pobreza na África e às alterações climáticas.

Os ministros disseram estar comprometidos a ajudar o Afeganistão a se tornar mais seguro, mantendo o ambiente democrático. Eles destacaram o narcotráfico como uma “ameaça direta à estabilidade e segurança do Afeganistão” e prometeram dar apoio ao governo afegão.

Também ressaltaram seu apoio aos esforços feitos por França, Grã-Bretanha e Alemanha para barrar o programa nuclear do Irã, e manifestaram preocupação com o programa iraniano de mísseis balísticos e sua atitude para com o terrorismo.