Fundação denuncia a prisão de 8 padres e um “Buda vivo” na China

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Publicado quarta-feira, 18 de agosto de 2004 as 09:12, por: CdB

A China prendeu oito padres católicos por lealdade ao Papa e um “Buda Vivo” por incentivar a superstição na reabertura de um templo, disseram nesta quarta-feira grupos norte-americanos.
Os padres Huo Junlong, Zhang Zhenquan e o padre Huang estão entre as pessoas detidas depois de uma ação policial na semana passada na aldeia de Sujiazhuang, perto da cidade de Baoding, na província de Hebei (norte do país), disse em comunicado a Fundação Cardeal Kung, de Connecticut.

A fundação não deu os nomes dos outros cinco padres detidos, mas disse que a polícia local também prendeu dois seminaristas que participavam de um retiro religioso na aldeia.

– Cerca de 20 veículos da polícia e um grande número de policiais rodearam a aldeia de Sujiazhuang e conduziram uma busca de casa em casa a fim de prender estes padres e seminaristas – disse o comunicado.

O Ministério das Relações Exteriores não comentou o fato de imediato. Autoridades locais e da polícia disseram que não tinham informações.

A Fundação Budista da América (BFA), responsável pela restauração do templo Dari Rulai Xingyuan, de 800 anos, em Kulun, na Mongólia, disse nesta quarta-feira que o Buda Vivo Dechan Jueren, que tem permissão para viver nos EUA, foi detido por incentivar a superstição em um festival de reabertura do templo.

Uma porta-voz da embaixada dos EUA em Pequim disse que a polícia local cancelou a cerimônia por motivos de segurança. Sete norte-americanos que se recusaram a deixar o local foram removidos à força na noite de 13 de agosto, disseram a BFA e a porta-voz.

– Os bombeiros chutaram a porta e arrastaram todos para fora – disse à Reuters um membro da BFA.

Dois caminhões cheios de “artefatos religiosos de valor inestimável e pertences pessoais” também foram removidos do templo, segundo a BFA. O governo chinês convidou o grupo religioso a restaurar o templo, em projeto de 3 milhões de dólares, de acordo com o membro da BFA.

-Eles nos convidaram, pegaram nosso dinheiro e nos expulsaram –  disse.
A China recebe críticas por seu controle religioso na província budista do Tibet, que ocupou em 1950. O Dalai Lama, líder espiritual do Tibet, fugiu para a Índia em 1959 durante uma revolta fracassada.

Pequim rompeu laços com o Vaticano nos anos 1950, depois de expulsar clérigos estrangeiros e tem sua própria igreja católica aprovada pelo Estado – A Associação Católica Patriótica da China – que jura lealdade a Pequim em vez de ao papa. O Vaticano estima ter cerca de oito milhões de seguidores na China, frente aos cinco milhões da igreja apoiada pelo Estado.

A lei chinesa protege a liberdade de expressão, mas o governo comunista proíbe todos os cultos fora das organizações religiosas “patriotas” apoiadas pelo Estado.