Fórum Social pode ser ditado por novo modelo político

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Publicado terça-feira, 4 de janeiro de 2005 as 11:14, por: CdB

Os organizadores e participantes do Fórum Social Mundial devem se preparar para encontrar um clima político hostil em Porto Alegre, alimentado pelos novos ares políticos na cidade. Nos últimos dias, o recém-lançado site Vide Versus (www.videversus.com.br), que fez campanha para o candidato José Fogaça (PPS), vencedor das eleições na capital gaúcha, vem fazendo uma série de denúncias contra entidades organizadoras do FSM 2005.

Assinadas pelo jornalista Vitor Vieira, as matérias denunciam desvio de dinheiro público destinado à realização do Fórum, responsabilizando a Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais (Abong) e o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) pela suposta irregularidade. As duas entidades, segundo o jornalista, teriam, entre outras irregularidades, contratado uma empresa sem capacitação para a realização dos serviços elétricos do Fórum.

A história contada pelo Vide Versus inclui ameaças de morte e ligações ocultas com integrantes do Clube da Cidadania, um dos pivôs da CPI da Segurança Pública durante o governo Olívio Dutra. Praticamente desconhecido até então, as matérias do Vide Versus começaram a pautar meios de comunicação dentro e fora do Rio Grande do Sul. As ligações políticas da página são evidentes, bastando uma leitura de seus boletins diários: críticas e ataques ao PT, ao governo Lula, ao governo Olívio Dutra (que, a julgar pelo ódio que ainda desperta na direita gaúcha, parece que ainda não acabou); por outro lado, sugestões e alertas para o novo prefeito de Porto Alegre não cair em supostas armadilhas que teriam sido deixadas pela administração petista, e, mais recentemente, pesados ataques ao Fórum Social Mundial.

Em sua edição de 20 de dezembro, o jornalista responsável pela publicação também acusou a página oficial do Fórum Social Mundial de mentir ao dizer que as obras elétricas no território em que será realizado o evento já teriam começado. Em nota divulgada à imprensa, Sérgio Haddad, integrante da Secretaria Internacional do FSM e diretor de Relações Internacionais da Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais (Abong), repudiou as acusações dizendo que “a organização do Fórum tem uma conduta de austeridade, transparência e rigor na administração dos recursos para o evento”.

A nota acrescenta que, “mesmo não se tratando de serviço público, são obtidos orçamentos com pelo menos três fornecedores ou prestadores de serviços para a execução de obras e serviços”. Segundo Haddad, no caso das obras elétricas, seis empresas apresentaram propostas, com valores que variaram entre R$ 1.060.000,00 e R$ 2.500.000,00. “Foi selecionada, obviamente, a empresa que apresentou o menor preço, no caso um orçamento de R$ 1.060.000,00”, explicou. A organização do Fórum, concluiu a nota, “não se envolve em problemas internos entre sócios de empresas, e caso constate irregularidade de qualquer natureza em qualquer área, adotará as medidas legais cabíveis”.

A repetição de um padrão

Para entender a origem e o sentido dos ataques que o FSM começa a sofrer é preciso considerar o novo cenário político de Porto Alegre, após a vitória de José Fogaça nas eleições municipais. Os textos de Vide Versus compõem uma pequena peça deste quebra-cabeça. Quem entra na página, não vai encontrar muitas informações sobre seus editores e sobre a natureza da publicação, que apareceu durante a campanha eleitoral deste ano.

Aparece apenas o nome do jornalista Vitor Vieira, identificado como diretor-editor, um número de telefone celular e um e-mail para contato. Mas o teor de suas matérias segue um padrão bem conhecido no Rio Grande do Sul, especialmente durante o governo Olívio Dutra (1999-2002), quando críticas e denúncias veiculadas por páginas na internet pautavam o noticiário da mídia.

Na primeira edição do Fórum Social Mundial, em 2001, um grupo de políticos e intelectuais críticos do evento, ligados princ