A Índia de Mahatma Gandhi, do movimento pacifista e da multiplicidade cultural, mas também a Índia do fundamentalismo hindu, do separatismo islâmico e do terrorismo estão finalmente confirmadas como sede do 4º Fórum Social Mundial (FSM), entre 16 e 21 de janeiro de 2004.
O lançamento oficial ocorreu em uma série de cerimônias realizadas nesta semana em Mumbai (ex-Bombaim), cidade onde será realizado o Fórum, além de São Paulo, Porto Alegre e Quito.
Até então, havia dúvidas sobre a capacidade de a Índia receber o evento. No final de agosto, atentados terroristas atingiram o país, matando 46 pessoas e deixando 150 feridas. A repercussão do episódio obrigou o Comitê Organizador do Fórum a empreender uma ofensiva diplomática junto às ONGs, movimentos sociais e sindicatos que compõem o Conselho Internacional do FSM.
Foi divulgada uma nota oficial, em que as condições para a realização do evento são garantidas. “Confiamos no rápido poder de recuperação da cidade de Mumbai e no apoio de seus cidadãos”, diz o texto.
A ida do FSM à Índia, depois de três edições em Porto Alegre, é mais uma jogada da estratégia de internacionalização do evento, que já vem sendo posta em prática com a realização dos chamados fóruns regionais e temáticos. Cidades como Belém do Pará, Buenos Aires, Cartagena (Colômbia), Lisboa, Washington e Viena aplicaram a metodologia do FSM para discutir problemas locais e construir políticas alternativas.
Na Índia, os organizadores do FSM pretendem introduzir os movimentos sociais asiáticos no debate preferido pelos que participam das conferências do Fórum: a busca de alternativas à globalização neoliberal, a luta contra o militarismo e a guerra.
O francês Christophe Aguiton, membro da direção internacional da ONG Attac e um dos articuladores do FSM, tem uma boa justificativa para a nova estratégia. Segundo ele, já passou o tempo em que os países do Oriente conseguiam manter seus modelos políticos, econômicos e sociais praticamente imunes ao que se passava no Ocidente.
“As políticas neoliberais venceram essa fronteira”, diz Aguiton, que veio ao Brasil para o lançamento do FSM em São Paulo, no último dia 2.
Para o português Boaventura de Sousa Santos, uma mas maiores personalidades ligadas ao FSM, o fortalecimento do diálogo, apesar das diferenças culturais entre a população indiana e os povos ocidentais, é a grande tarefa do FSM em Mumbai. “A diversidade é o acento tônico do Fórum”, gosta de dizer o sociólogo.
Fórum Social Mundial é confirmado na Índia
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Publicado sábado, 6 de setembro de 2003 as 16:24, por: CdB