O primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, pretende tirar vantagem do esperado fim de um caso de suborno envolvendo seu nome para dar continuidade ao plano de desocupação da Faixa de Gaza, disseram fontes políticas nesta segunda-feira.
Respirando aliviados depois da divulgação pela imprensa de notícias de que Menachem Mazuz, procurador-geral de Israel, não pretende indiciar Sharon, os assessores do premier acham que agora será mais fácil convencer o Partido Trabalhista a ingressar na coalizão governista, enfraquecida devido às deserções de direitistas.
O indiciamento obrigaria Sharon, provavelmente, a deixar o cargo e significaria o fim de seu plano de “separação” dos palestinos, que o gabinete de governo aprovou em princípio, provocando uma crise na coalizão.
Um porta-voz do Ministério da Justiça disse que a decisão de Mazuz será divulgada oficialmente nos próximos dias, provavelmente na quarta ou quinta-feira. Mas a autoridade não quis fazer comentários sobre as notícias de que Mazuz criticaria Sharon por sua conduta no escândalo. O premier diz ser inocente.
O fim da ameaça de indiciamento fortaleceria o dirigente e seu plano de acabar com os 21 assentamentos judaicos da Faixa de Gaza e com quatro dos 120 assentamentos da Cisjordânia até o final de 2005.
O afastamento da ameaça de indiciamento também pode abrir as portas para a entrada dos trabalhistas no governo. A coalizão perdeu a maioria no Parlamento depois de integrantes da extrema direita a terem abandonado como protesto pela aprovação do plano de retirada.
O caso de suborno gira em torno do pagamento de centenas de milhares de dólares supostamente feito por um investidor israelense para um filho de Sharon, contratado no final dos anos 1990 como consultor para um projeto imobiliário na Grécia.
O investidor, David Appel, foi indiciado em janeiro sob a acusação de ter tentado subornar Sharon. O premier também é investigado em dois outros escândalos de corrupção.