Fiesp critica alta da energia para cobrir perdas

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Publicado quinta-feira, 11 de abril de 2002 as 16:05, por: CdB

Afetada por um reajuste de 7,9% nas tarifas de energia elétrica para o consumidor industrial, que pelo texto da medida provisória do setor elétrico, aprovado ontem na Câmara dos Deputados, deverá vigorar por cerca de 6 anos, a Fiesp manifestou hoje contrariedade ao reembolso às distribuidoras de eletricidade das perdas provocadas pelo racionamento.

“É difícil para o industrial, que perdeu o que perdeu com o racionamento de energia elétrica, ter de reembolsar as perdas das empresas de energia elétrica, sendo o reembolso legal ou não”, disse o diretor titular do Departamento de Infra-estrutura Industrial da Fiesp, Pio Gavazzi, que participa do seminário Energia para o Desenvolvimento da América Latina, que a entidade realiza hoje em São Paulo.

Gavazzi considera também que o fato de a energia elétrica brasileira ser uma das mais baratas do mundo “não é razão para que tenha o seu valor aumentado para níveis internacionais”. Ele lembrou que o Brasil possui um sistema elétrico com características especiais, “com uma riqueza em usinas hidrelétricas que nenhum outro País tem”.

Entre os empresários presentes no evento, também era grande o descontentamento com o acordo entre o governo e as concessionárias de energia elétrica. Houve, entre eles, quem questionasse o socorro do BNDES às companhias elétricas. Pelo acordo geral do setor, fechado entre as empresas do setor elétrico e o governo no final do ano passado e referendado ontem na Câmara dos Deputados, o governo definiu, como compensação às perdas de receita causadas pelo racionamento, a extensão de uma linha de financiamento para capital de giro do BNDES, que cobrirá 90% do valor do rombo das empresas.

Outra forma de compensação prevista no acordo é o reajuste tarifário extraordinário de 2,9%, para clientes residenciais e rurais, e de 7,9%, para as demais categorias, incluindo as indústrias. “Estamos vendo os recursos do BNDES sendo enviados para o exterior, na forma de pagamento de dividendos aos acionistas das empresas estrangeiras”, disse um empresário.