FHC diz que prioridade é ajuste fiscal e não a eleição presidencial

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Publicado quinta-feira, 18 de abril de 2002 as 17:36, por: CdB

O presidente Fernando Henrique Cardoso disse, nesta quinta-feira, que a prioridade do governo é a manutenção do ajuste fiscal e que não hesitará em tomar medidas impopulares, como o aumento do IOF, para garantir o controle das contas públicas, mesmo que isso possa prejudicar o candidato do governo ao Palácio do Planalto.

As afirmações de Fernando Henrique foram feitas ao presidente da Câmara, deputado Aécio Neves (PSDB-MG), durante conversa no Palácio da Alvorada, e são um recado à cúpula do PSDB, que tem feito críticas à equipe econômica pelas medidas que têm sido tomadas por entender que elas poderão prejudicar a campanha do candidato governista, José Serra, impedindo que ele suba nas pesquisas. “O compromisso do governo, muito mais do que com eleições, é com o País”, disse o presidente, segundo Aécio, depois de agradecer o empenho da Câmara na votação das Medidas Provisórias que destrancaram a pauta e permitirão o início da apreciação da prorrogação da CPMF na semana que vem.

Na conversa, o presidente manifestou seu otimismo e reiterou a confiança na candidatura Serra, esclarecendo que a população saberá entender a necessidade de medidas duras, como já ocorreu no passado.Aécio Neves está convencido de que essas medidas, como o aumento do IOF, não prejudicarão Serra porque “ninguém mais vai na onda do populismo e da irresponsabilidade”.

De acordo com Aécio, o presidente insistiu que “se tiver de tomar medidas impopulares, as tomará” e que entende que o que poderia afetar qualquer candidatura seria o descontrole das contas. “Esse governo avançou até aqui em função da coragem e das medidas que tomou, quando foi necessário”, afirmou Aécio, ao relatar que o presidente acrescentou que “todo o esforço feito nos últimos sete anos não se perderá em função de calendário eleitorais”.

Depois de reiterar a confiança em Serra, o presidente lembrou que as conquistas obtidas até hoje não são do governo, ou do partido, são conquistas da sociedade. Para Aécio, é justamente a candidatura Serra a que mais tem condições de garantir e consolidar as conquistas. “Eu vi um presidente otimista em relação ao quadro eleitoral”, salientou o deputado.

Aécio Neves informou ao presidente o calendário de votações que programou, com apreciação da prorrogação da CPMF na próxima terça-feira, e a estimativa é de que tudo esteja completamente aprovado em até 30 dias. Na opinião de Aécio, somente depois dessa aprovação, é que o governo saberá que prejuízos teve e decidirá efetivamente o que fará para compensá-los. O presidente da Câmara acredita, no entanto, que possa até acontecer de não haver aumento do IOF ou, pelo menos, que vigore por um curto prazo.

O presidente da Câmara acha ainda que podem ser adotadas medidas compensatórias que não atinjam tanto o setor produtivo. “Mas só será possível prever alguma coisa quando houver uma previsão mais realista”, comentou ele, insistindo em que talvez se possa encontrar algum caminho que não seja o IOF.

Aécio anunciou para a quarta-feira da semana que vem a votação de artigos relativos ao Código de Processo Penal, importante para a área de segurança pública, e, nas semanas seguintes, outros projetos também em benefício dessa área. Depois, haverá votação da parte da Reforma Tributária que acaba com a cumulatividade das contribuições do PIS e da COFINS. “Esta é a agenda prioritária”, informou.