Festival decola em clima de filme de época

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Publicado terça-feira, 17 de agosto de 2004 as 16:41, por: CdB

A superprodução “Olga” abriu a 32a. edição do Festival de Gramado na segunda-feira, sem maiores emoções e com um atraso pequeno de 15 minutos para o que se poderia esperar de uma noite inaugural com a presença do diretor do filme, Jayme Monjardim, e seus atores.

Com estréia nacional marcada para a próxima sexta-feira e exibido fora da competição em Gramado, “Olga” veio, na verdade, cumprir mais uma etapa da ostensiva campanha de lançamento do filme, estreitando os laços gaúchos inseridos na história.

Afinal, os dois protagonistas do drama que ficou famoso pelo livro do jornalista Fernando Morais, o líder comunista Luís Carlos Prestes e o presidente Getúlio Vargas, eram gaúchos — bem como o ator e diretor Werner Schunemann, habitual apresentador deste festival e que atua como coadjuvante.

Cientes da importância do corpo-a-corpo com o público de Gramado, os atores atenderam pacientemente a todos os pedidos de fotos com os fãs no saguão do Palácio dos Festivais, nas quais foi possível notar o quanto estão completamente diferentes do filme.

Caco Ciocler (que faz Prestes) já deixou crescer de novo os cabelos cacheados e a barba, bem diferente do visual “clean” do filme.

Camila Morgado (Olga Benário), por sua vez, já retomou os habituais cabelos louros, presos com inúmeras presilhas, abandonando os cabelos escuros da revolucionária mulher de Prestes.

A platéia do festival aplaudiu educadamente e brindou mesmo com algumas lágrimas a saga de Olga, a militante comunista alemã que abandona sua família e sua pátria, radicando-se em Moscou até tornar-se companheira de armas e de vida do líder brasileiro Luís Carlos Prestes.

Na primeira metade do filme, que detalha o encontro e o envolvimento romântico do casal, rumo ao Brasil, a platéia esteve atenta, mas distante. Viam-se diversas pessoas entrando e saindo da sala.

Do meio para o fim, a partir da prisão do casal e do envio de Olga a um campo de concentração alemão, onde morreria, a voltagem emocional cresceu e ganhou mais adesão dos presentes — o auditório ficou completamente lotado, inclusive com diversas pessoas sentadas no chão.

O filme tem uma ênfase absoluta no melodrama romântico, mais do que na política que governou sempre tanto a vida de Olga quanto de Prestes.

Está também baseado numa estética televisiva fundada nos primeiros planos e numa narrativa que não deixa de explicar cada detalhe.

O filme aposta que a poderosa mídia de que vem cercado (com a TV Globo à frente) levará aos cinemas o mesmo público que há anos vem sendo condicionado a gostar deste tipo de produto, feito à imagem e semelhança das novelas.

Se isto se produzirá, resta conferir a partir de sexta-feira. A aposta foi alta — cerca de 8 milhões de reais foram gastos no orçamento do filme, que sobem para 12 milhões de reais, segundo as mais recentes estimativas, se computados os gastos com a campanha de marketing.

Se o sucesso na bilheteria vier como se espera, a próxima etapa da carreira do filme é muito clara: conquistar a indicação para representar o Brasil no Oscar, confiando tanto nos indiscutíveis valores técnicos da produção quanto no irresistível apelo que têm mostrado as histórias sobre o Holocausto em Hollywood.