Farc anunciam cessar-fogo unilateral por tempo indeterminado

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Publicado quinta-feira, 18 de dezembro de 2014 as 10:10, por: CdB

Guerrilha assegura que só fará uso de armas em caso de ataque do Exército da Colômbia. Anúncio força governo colombiano a respoder à altura, mas presidente Juan Manuel Santos segue cético com pedido de trégua
Guerrilha assegura que só fará uso de armas em caso de ataque do Exército da Colômbia. Anúncio força governo colombiano a respoder à altura, mas presidente Juan Manuel Santos segue cético com pedido de trégua

 
As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) anunciaram um cessar-fogo unilateral por tempo indefinido. O anúncio foi feito na capital cubana, Havana, e publicado na conta do Twitter da guerrilha nesta quinta-feira. As Farc asseguraram que só vão fazer uso de armas em caso de ataque do Exército colombiano.
No comunicado, a guerrilha explicou querer “acabar com o derramamento desnecessário de sangue e reconciliar o país”. O anúncio do cessar-fogo veio horas depois da histórica declaração de retomada das relações diplomáticas entre Estados Unidos e Cuba, que foi bastante comemorada e elogiada pelos integrantes da delegação de paz das Farc (vídeo abaixo).
 

 
O anúncio, pelo terceiro ano consecutivo os rebeldes esquerdistas declaram um cessar-fogo na época natalina, também foi motivado pelas recentes negociações de paz, retomadas com o governo da Colômbia, após a captura de um general do exército, em 16 de novembro, solto duas semanas depois.
Desde 2012 representantes da guerrilha e do governo colombiano realizam conversações em Havana para solucionar o conflito. Há 50 anos uma guerra civil assola a Colômbia e já matou mais de 220.000 pessoas. As negociações conseguiram, até então, acordos sobre a reforma agrária, a luta contra o tráfico de drogas – que tem alimentado o conflito – e sobre a participação política de guerrilheiros. Com cerca de 8 mil combatentes, as Farc são o maior grupo rebelde ativo no país.
Repetidamente os rebeldes apelaram por um cessar-fogo bilateral como parte do processo de paz. Mas o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, que fez das negociações de paz o seu principal objetivo político, recusou o pedido, alegando que os guerrilheiros poderiam tirar proveito de uma trégua para se reagrupar e reestruturar.
No entanto, o anúncio unilateral das Farc coloca nova pressão sobre o governo colombiano, opinou o cientista político Jorge Restrepo, chefe do Centro de Recursos de Análise de Conflitos na Colômbia (Cerac). “Isso obriga o governo a responder a este gesto de uma forma ou de outra”, afirmou.