Milhões de pessoas já leram O Diário de Anne Frank, mas poucas tiveram oportunidade de ver os outros talentos da estudante judia, como contos de fadas e comentários sociais, que pela primeira vez serão exibidos numa mostra em Washington.
Anne Frank é famosa principalmente por seu diário, que proporciona aos leitores uma visão de seu mundo de adolescente vivendo durante a 2ª Guerra Mundial. Ela e sua família viveram em Amsterdã, escondidos dos alemães, até serem delatados e levados a um campo de concentração nazista, onde morreram em 1945.
A mostra, que será inaugurada na próxima quinta-feira no Museu Americano Memorial do Holocausto, em Washington, será a primeira ocasião na qual serão expostos alguns dos outros escritos de Anne Frank.
Segundo a diretora do museu, Sara Bloomfield, alguns deles foram tirados de cofres bancários e nunca antes tinham sido mostrados ao público.
O diário de Anne foi publicado pela primeira vez por seu pai, Otto Frank, o único das oito pessoas que passaram dois anos escondidos num anexo secreto de uma casa em Amsterdã a sobreviver aos campos de concentração.
Desde então, o livro já vendeu mais de 30 milhões de cópias, foi traduzido para mais de 60 línguas e tornou-se um dos mais lidos no mundo.
Segundo Klaus Mueller, curador da exposição e representante do museu na Europa ocidental, escrever foi o escape encontrado por Anne Frank durante os 25 meses em que ela viveu no esconderijo.
– Ela nunca foi levada a sério como escritora — era vista apenas como uma criança que escreveu um diário – disse Mueller.
Entretanto, em 1943, a garota já preparava seu diário para ser publicado. Além de escrever contos, editava até três páginas por dia do diário.
Mueller afirmou que a adolescente lia não apenas romances holandeses populares para garotas, mas também Shakespeare e Goethe em alemão e Oscar Wilde em inglês.
A exposição mostra um livro aberto na página em que Anne copiou um trecho de An Ideal Husband, de Oscar Wilde, em inglês, além de trechos de contos de fadas e um ensaio sobre boas ações intitulado Give! (“Dê!”).
O parente mais próximo de Anne que ainda vive recorda sua prima como alguém com quem ele adorava brincar e que, mais tarde, desabrochou como escritora.
– Quando uma criança fica encerrada por dois anos, sua personalidade muda. No caso dela, o que aconteceu foi que surgiu um grande talento de escritora – disse Bernd Elias, que se encontra em Washington para ver a exposição.
A exposição “Anne Frank, a escritora: uma história inacabada” faz parte das comemorações do décimo aniversário do Museu Memorial do Holocausto e ficará aberta até 12 de setembro.