Presidente da Bolívia, Evo Morales alertou nesta sexta-feira para o risco de protestos em massa caso o Senado boliviano (onde a oposição tem a maioria) não aprove seus planos de reforma agrária. Evo afirmou que o povo irá implementar as reformas “à força” caso elas não sejam transformadas em lei. As declarações de Morales foram feitas um dia depois que a Câmara dos Deputados (onde governo tem maioria) aprovou a reforma agrária (para desespero dos donos de terra, incluindo brasileiros).
A votação no Senado está prevista para a próxima semana. A oposição já afirmou que pretende modificar a proposta. Morales também descartou qualquer acordo com os grandes proprietários de terra que se opõem aos seus planos de reforma. Manifestantes indígenas da província de Santa Cruz estão marchando em direção à capital para apoiar as medidas. No entanto, proprietários de terra na província, uma das mais férteis da Bolívia, ameaçaram impedir o escoamento da produção agrícola para o resto do país caso o projeto seja aprovado.
Em setembro, manifestantes – a maioria pequenos agricultores indígenas – bloquearam estradas que levavam a Santa Cruz, afirmando que a oposição estava tentanto obstruir os planos do governo.
Mais necessitados
Morales, que foi eleito no ano passado, prometeu redistribuir 200 mil quilômetros quadrados – uma área com o dobro do tamanho de Portugal – até o final de seu mandato, em 2011. Em entrevista coletiva, Morales disse que o governo vai respeitar as propriedades – de qualquer tamanho – que tenham sido adquiridas legalmente e que sejam produtivas. Mas o presidente afirmou que propriedades improdutivas serão desapropriadas pelo Estado para serem redistribuídas “àqueles mais necessitados”.
Morales disse que alguns proprietários de terras não vão concordar, mas que ele pode “apenas acreditar no poder do povo, porque (esse poder) é a máquina que move a história no nosso país”.