Europeus negociam da paz ao desenvolvimento da África

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Publicado quarta-feira, 3 de março de 2004 as 17:51, por: CdB

Após a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à África, em novembro do ano passado, e dos recentes encontros com líderes europeus, para quem reportou a necessidade de maior integração entre os países ricos e do Terceiro Mundo, aquele continente entrou, esta semana, de forma definitiva, na agenda dos principais líderes europeus. O chanceler da Alemanha, Gerhard Schroeder, iniciou uma visita àquele continente a partir da Etiópia, onde debateu as fronteiras do país com a Eritréia. Na Inglaterra, o assunto é tema de seminário que reúne os principais líderes políticos do país na Royal Geographical Society.

O primeiro-ministro etíope, Meles Zenawi, afirmou após um encontro com Schroeder que o chanceler alemão havia pedido uma solução pacífica para a disputa, que está se intensificando menos de quatro anos depois de uma guerra brutal entre os vizinhos da região do Chifre da África.

– Ele (Schroeder) concordou com a necessidade de evitar a guerra através de todos os meios possíveis. A Alemanha acredita que o problema deve ser resolvido de maneira pacífica e através do diálogo. Nós concordamos que a paz tem um significado fundamental na nossa região – disse Zenawi a repórteres.

Schroeder, em sua primeira visita oficial à África desde que assumiu o cargo, em 1998, visitará também Quênia, África do Sul e Gana.

Diplomatas alemães dizem que os países foram escolhidos porque são “âncoras de estabilidade” na África e porque sua história política recente é exemplo de transição democrática pacífica.
O chanceler é a mais recente autoridade ocidental a visitar o Chifre da África para ressaltar os riscos relacionados à tensão entre Etiópia e Eritréia. Os dois países travaram uma guerra entre 1998 e 2000 que deixou cerca de 70 mil mortos.

O processo de paz está paralisado desde que a Etiópia recusou-se a aceitar a decisão de uma comissão independente sobre onde a disputada fronteira de 1.000 quilômetros deveria se localizar.

A Eritréia aceitou por completo a decisão da Comissão de Fronteiras, mas a Etiópia adiou por tempo indeterminado sua demarcação física ao rejeitar a medida segundo a qual Badme, aldeia que gerou o conflito, pertenceria à Eritréia.

Diplomatas temem que a disputa se transforme em um longo impasse diplomático, como o que divide a ilha de Chipre, condenando os países pobres da região a mais anos de subdesenvolvimento.

Grã-bretanha

Na tarde desta terça-feira, a líder do Partido Trabalhista inglês, Clare Short, participou de seminário promovido pela  Royal Geographical Society, sobre as formas de que dispõe a Grã-bretanha de participar na contrução da paz e do desenvolvimento nos países africanos.

A deputada inglesa chegou a se emocionar ao ouvir os discursos dos oradores sobre as condições de vida de habitantes daquele continente. Short integrou o gabinete do primeiro-ministro Tony Blair, do qual se desligou em fevereiro deste ano.