Europa: maior bloco comercial do mundo

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Publicado sábado, 1 de maio de 2004 as 08:57, por: CdB

Oito ex-nações comunistas e duas ilhas mediterrâneas entraram na União Européia neste sábado  em uma histórica reunificação da Europa Ocidental e Oriental, 15 anos após a queda do muro de Berlim.

Polônia, Hungria, República Tcheca, Eslováquia Eslovênia, Estônia, Letônia, Lituânia, ilhas de Chipre e de Malta passaram a integrar oficialmente o bloco europeu a partir da zero hora deste sábado.

Essa expansão, a maior feita até hoje, transforma os 25 membros da UE no mais poderoso bloco comercial do mundo com uma população de 450 milhões de pessoas produzindo quase um terço de toda a riqueza mundial.

Para os moradores do Leste Europeu, a expansão da UE é uma recompensa pelos esforços dos últimos 15 anos, quando reformas foram implementadas depois do colapso da União Soviética.

– A entrada da Polônia na União Européia concretiza meus sonhos e o trabalho da minha vida – disse à Reuters Lech Walesa, cujo movimento Solidariedade derrubou o governo comunista no país em 1989.

Entre os novos membros, Hungria, a Polônia, a República Tcheca, a Eslováquia, a Eslovênia e Malta, todos parte do antigo Pacto de Varsóvia. O pacto, uma aliança militar instituída em 1955, foi o principal instrumento de hegemonia militar da União Soviética, em oposição à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).

REMENDO GLOBAL – A manobra transforma a UE na maior área de livre comércio do mundo, mas antes de os países novos e antigos olharem para frente, eles celebram a expansão como um fim simbólico aos horrores ocorridos na Europa em um passado não muito distante.

– É a resposta da Europa para o fim da Guerra Fria e uma oportunidade para curar feridas do passado, feridas da guerra e da ditadura – disse o Comissário da Ampliação, Guenter Verheugen.

A Segunda Guerra Mundial começou com o ataque da Alemanha à Polônia em 1939 e terminou com a divisão do continente em dois blocos rivais.

Assim como a reconciliação entre França e Alemanha abriu caminho para a criação da UE, em 1957, a expansão coroa, agora, os esforços da Polônia e da Alemanha de superar o passado. O presidente da Alemanha, Johannes Rau, disse aos poloneses nesta sexta-feira que as duas nações estão unidas em um mesmo destino.

– Para poloneses e alemães, amanhã (sábado) começa um capítulo completamente novo nas nossas relações como vizinhos. Uma nova era de grandes oportunidades e possibilidades. Sem a Polônia, a Europa não seria a Europa – disse ao Parlamento de Varsóvia.

Para alguns europeus do Leste que sofreram com as privações do comunismo, no entanto, a expansão chegou tarde demais.

– O que há para celebrar? – perguntou a aposentada tcheca Irena Babkova, de 67 anos.

– Os preços vão subir e eu vou ter ainda menos do que tenho agora. Espero que as pessoas mais jovens celebrem, para eles é uma oportunidade – afirmou.