Europa apela para ‘todas as ferramentas disponíveis’ contra estagnação

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Publicado quarta-feira, 10 de setembro de 2014 as 16:16, por: CdB
Banco Central Europeu
BCE praticamente esgotou suas medidas contra a recessão no bloco econômico

Autoridades econômicas da Europa precisam usar todas as ferramentas disponíveis para sustentar a economia do bloco, disse o membro do conselho executivo do Banco Central Europeu (BCE) Benoit Coeure, em entrevista concedida a um jornal espanhol publicada nesta quarta-feira.

– A zona do euro enfrenta riscos ao seu crescimento econômico numa escala tal que é necessário usar todas as ferramentas disponíveis para sustentar a economia. E isso significar usar os instrumentos no lado da demanda e no lado da oferta – disse Coeure ao jornal Cinco Días.

Coeure também indicou a possibilidade de usar a política fiscal para sustentar a economia “naqueles países que têm espaço para expandí-la”.

– Porém o mais importante são as reformas estruturais – acrescentou ele.

Em setembro e dezembro, o BCE oferecerá a bancos empréstimos de quatro anos para encorajá-los a emprestar para empresas e outros –um plano que deve gerar centenas de bilhões de euros de crédito novo. No entanto, o banco evitou compras diretas de dívida soberana – medida conhecida como “quantitative easing” (QE) – diferentemente do Federal Reserve, Banco Central dos Estados Unidos, e do BC britânico.

– Queremos que haja liquidez suficiente e que os balanços patrimoniais dos bancos retornem aos níveis anteriores, e queremos fazer isso de modo que seja útil à economia. Por causa disso, não é o quantitative easing mas está condicionado e visa ajudar o fluxo de crédito – disse ele.

Conflitos geopolíticos

Maior economia do bloco, a Alemanha continua a caminho do crescimento, mas conflitos geopolíticos e fraquezas em outros países da zona do euro pesam sobre a expansão econômica, disse o Ministério da Economia em seu relatório mensal nesta quarta-feira.

“A economia global está expandindo, mas a um ritmo mais fraco que o esperado. Junto a desafios estruturais em muitas áreas, conflitos geopolíticos estão impedindo um desempenho melhor. Eles estão aumentando a incerteza e influenciando decisões corporativas”, diz o relatório.

O ministério disse que os impulsos de crescimento estavam vindo dos Estados Unidos e de alguns mercados emergentes da Ásia. No entanto, uma recuperação vacilante na zona do euro, a fraqueza no Japão, na Rússia e na América Latina, além de um crescimento irregular na China estão pesando sobre a Alemanha.

– No geral, as condições econômicas no exterior não são tão positivas quanto se presumia anteriormente – afirmou o ministério.

Ainda assim, a União Europeia tem de ir em frente com o anúncio de novas sanções econômicas contra a Rússia, segundo afirmou, nesta manhã, a chanceler alemã, Angela Merkel, acrescentando que, de qualquer modo, elas poderão ser suspensas se houver progressos substanciais no sentido de um plano de paz para a Ucrânia.

– Em vista da situação atual, que, de fato, trouxe uma melhoria em relação às atividades militares – não é um cessar-fogo 100%, mas é uma melhoria -, e a falta de clareza em muitos outros pontos que citei, somos a favor de que essas sanções sejam implementadas agora – declarou Merkel ao Parlamento alemão.

A chanceler acrescentou que a Alemanha seria “a primeira” a recomendar a suspensão das sanções se um plano de paz de 12 pontos para a Ucrânia for implementado. A União Europeia aprovou novas sanções na segunda-feira, mas adiou sua implementação para avaliar o cessar-fogo. Embaixadores da UE reunidos nesta quarta-feira discutiam os próximos passos.

Prejuízos na Rússia

Diante da nova ameaça de sanções econômicas, o ministro de Recursos Naturais da Rússia, Sergei Donskoy, disse no início da tarde que as sanções do Ocidente tiveram um impacto no nascente setor de petróleo de difícil extração do país, visto como uma próxima fonte de riqueza fundamental, relatou a agência russa de notícias Interfax. A produção de larga escala de petróleo não convencional na Rússia, a maior produtora de petróleo bruto do mundo, está de 5 a 10 anos distante de sua capacidade, embora alguns poços tenham começado a produção mesmo ainda não sendo economicamente viáveis.

– As sanções… já tiveram impacto na produção de reservas de difícil recuperação. Como regra, nossos trabalhadores utilizam tecnologias estrangeiras e tentam adaptá-las às nossas condições – disse Donskoy à agência russa.

Os Estados Unidos e a União Europeia impuseram sanções sobre Moscou por conta de seu papel no conflito ucraniano, limitando acesso ao financiamento de sua principal produtora de petróleo, a Rosneft, e à maior companhia não estatal de gás natural, a Novatek. As sanções proíbem o fornecimento de certos bens e tecnologias para a Rússia utilizar no Ártico, em águas profundas e na produção e exploração de óleo de xisto.

– Um das esferas que pode ser afetada por sanções é a (produção) em alto mar, devido à grande exposição a tecnologias estrangeiras – disse ele, segundo a Interfax.

Ele também disse que as companhias russas podem ter acesso a equipamentos de outros países, tais como a China.

Estima-se que 75 bilhões de barris de recursos petrolíferos de xisto tecnicamente recuperáveis possam estar sob a formação russa de Bazhenov, de acordo com a Administração de Informação Energética dos Estados Unidos, mais do que nos Estados Unidos, o maior produtor mundial de óleo de xisto. No entanto, a extração desse óleo em grande escala está a anos de distância, segundo uma nota da agência de classificação de risco Standard & Poor’s, no mês passado.