As autoridades militares dos Estados Unidos disseram que vão investigar alegações de que soldados americanos queimaram publicamente os corpos de dois combatentes do Talebã no Afeganistão. A investigação começou depois que uma emissora de televisão da Austrália exibiu imagens do que aparenta serem militares americanos queimando cadáveres.
O vídeo, gravado pelo cinegrafista australiano Stephen DuPont, mostra ainda outros soldados aparentemente caçoando dos moradores de um vilarejo nas imediações que, eles acreditavam, estariam abrigando integrantes do Talebã.
A queima de corpos é uma violação da tradição islâmica, que prevê que se deve lavar os cadáveres, orar sobre eles, envolvê-los em um pano branco e enterrá-los em 24 horas.
“Esta suposta ação é repugna os nossos valores comuns, é contrária aos nossos procedimentos táticos de operação aprovados pelo comando, e não é autorizado por este comando”, disse o general americano Jason Kamiya.
DuPont acompanhava uma unidade militar americana em um vilarejo de Gonbaz, próximo à cidade de Kandahar.
Inicialmente os soldados disseram que a queima era motivada por questões sanitárias.
A reportagem do programa Dateline, da SBS, sugere ainda que o incidente pode ser uma violação da Convenção de Genebra para o tratamento de inimigos em guerras, que estabelece que os mortos devem ser sepultados com dignidade.
As imagens mostram ainda dois soldados lendo mensagens em um caderno que, eles dizem, já haviam sido transmitidas aos moradores do vilarejo.
“Atenção Talebã, vocês são cães covardes”, dizia uma mensagem. “Vocês permitiram que seus combatentes se voltassem para o Ocidente e queimassem.”
“Vocês estão apavorados demais para resgatar os seus corpos. Isto comprova apenas que vocês são os afeminados que sempre achamos que eram.”