EUA rejeitam investigação sobre saída de Aristide

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Publicado quinta-feira, 4 de março de 2004 as 20:46, por: CdB

Os Estados Unidos rejeitaram nesta quinta-feira a idéia de uma investigação sobre as circunstâncias da renúncia do então presidente haitiano, Jean-Bertrand Aristide. “Não há nada a investigar, não apoiamos uma investigação e não acreditamos que seja necessária”, frisou o porta-voz do departamento de Estado, Richard Boucher. “Não houve seqüestro, não houve golpe, não houve ameaças”, garantiu.

Boucher alegou que os Estados Unidos ajudaram Aristide, cuja segurança pessoal estava cada vez mais precária frente ao avanço dos rebeldes. “Protegemos Aristide ao retirá-lo do Haiti, já que com certeza ele teria sofrido agressões neste país”.

A polêmica sobre a partida de Aristide, organizada pelos Estados Unidos, se intensificou com os pedidos de investigações independentes formulados pela Comunidade de Países Caribenhos (Caricom) e pela ministra das Relações Exteriores da África do Sul, Nkosazana Dlamini-Zuma.

Em plena campanha presidencial americana, os democratas acusaram o governo republicano de George W. Bush de ter obrigado o então presidente haitiano, democraticamente eleito, a se exilar.

Aristide, em Bangui (República Centro-Africana) desde segunda-feira passada, afirmou ter sido vítima “de um golpe de Estado” e de “um seqüestro moderno” por parte de Washington, e declarou hoje que quer voltar a seu país, já que “não houve demissão formal segundo as normas”.

Boucher também lembrou que “o balanço da presidência de Aristide é desolador. Todos viram a degradação da situação no país nos últimos anos, o aumento da violência e as crescentes divisões na sociedade haitiana”, acrescentou. “Temos de admitir que a maneira com que chegamos ao Haiti se deve principalmente à forma com a qual o país foi governado nestes últimos anos”, finalizou Boucher.