EUA reagem a corte no fornecimento de gás russo à Ucrânia

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Publicado segunda-feira, 2 de janeiro de 2006 as 00:18, por: CdB

A decisão da Rússia de interromper o fornecimento de gás à Ucrânia cria “insegurança” no setor de energia e levanta grandes dúvidas sobre o uso desse suprimento para fins políticos, afirmou neste domingo o Departamento de Estado norte-americano.

– Como informamos tanto à Rússia quanto à Ucrânia, apoiamos iniciativas de adotar preços de mercado para energia, mas acreditamos que isso deva ser introduzido ao longo do tempo ao invés de inesperadamente e unilateralmente – afirmou o porta-voz do Departamento do Estado Sean McCormack.

A Rússia cortou o fornecimento de gás para a Ucrânia neste domingo, numa disputa que pode afetar a entrega do produto em toda a Europa no inverno. A medida ocorre logo depois de Moscou assumir a presidência do Grupo dos 8 querendo reafirmar-se como uma fonte confiável de energia. O monopólio estatal russo Gazprom divulgou que reduziu em um quarto o fornecimento para a Ucrânia, o mesmo nível das importações ucranianas, após Kiev se recusar a assinar um novo contrato com valor quatro vezes maior.

O primeiro sinal de que o corte afetou outros países mais a oeste foi a declaração da distribuidora de gás húngara MOL de que a pressão dos gasodutos russos havia caído 5%. A Europa Ocidental importa 25% de seu gás da Rússia, e a maioria é distribuída por gasodutos que passam pela Ucrânia. A União Européia informou que não espera cortes de fornecimento, mas está preocupada com o impasse. A companhia de energia Naftogaz, da Ucrânia, acusou a Rússia de promover uma retaliação arriscada.

– A Naftogaz declara que tais ações são inaceitáveis pois arriscam a distribuição de gás para a Europa.

Apesar da Rússia afirmar que se trata somente de negócios, o impasse acentuou os temores de que o Kremlin esteja preparado para usar seus vastos recursos energéticos como uma arma política. O presidente da Ucrânia, Viktor Yushchencko, irritou Moscou ao tentar inserir o ex-Estado soviético, que faz fronteira com a Rússia, na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e na União Européia.

Autoridades ucranianas afirmam que esse é o motivo do Kremlin pressionar a Ucrânia com um aumento tão grande nos preços, enquanto países mais próximos da política de Moscou, como a Belarus, pagam preços menores. A Rússia assumiu a presidência anual do G8, o grupo das democracias industrializadas, pela primeira vez no domingo, e seu mandato será submetido a análise minuciosa.

– A Rússia quer que a segurança energética seja sua principal mensagem para a comunidade do G8, e simultaneamente, está se tornando uma fonte de perigo – disse Valery Nesterov, analista de energia da Troika Dialog, de Moscou.

O porta-voz da Gazprom Sergei Kupriyanov disse que, se o fornecimento para a Europa for afetado, será porque a Ucrânia desviou gás. Oitenta por cento das exportações russas de gás para a Europa ocidental passam pela Ucrânia.

– As autoridades ucranianas estavam determinadas a entrar em conflito desde o início, e desde 1 de janeiro a começar a roubar o gás dos consumidores europeus – disse Kupriyanov.

O presidente ucraniano, enquanto isso, manteve sua posição de que a Ucrânia está preparapada paa pagar o preço pedido por Moscou, mas não imediatamente.

– A Ucrânia está preparada para adotar preços de mecado a partir de 2006. Nós não precisamos de empréstimos, estamos prontos para pagar… Mas não deve ser um preço virtual, e sim um preço real que segue o modelo europeu – disse Yuschenko depois de uma reunião de 3 horas para discutir a crise.

Os principais países europeus que importam gás da Rússia são Alemanha, Itália e França, que podem ter de diminuir suas reservas ou procurar fontes alternativas de fornecimento caso haja escassez. A União Européia fará uma reunião de emergência sobre o problema em 4 de janeiro.

– A Comissão (Européia) está preocupada e vai monitorar a situação. Estamos confiantes de que se chegará a um acordo. Não acredito que hav