EUA lembram os mortos do ataque de Oklahoma City após 10 anos

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Publicado terça-feira, 19 de abril de 2005 as 16:47, por: CdB

Os moradores de Oklahoma City se mantiveram em silêncio por exatos 168 segundos – um para cada vítima – na terça-feira, para marcar o décimo aniversário da bomba que destruiu um prédio do governo federal, num ataque executado pelo extremista de direita Timothy McVeigh.

Dentro da Primeira Igreja Metodista Unida, que foi muito danificada pelo caminhão-bomba, o ex-presidente Bill Clinton e o vice-presidente Dick Cheney estavam entre as 1.600 pessoas que, de olhos fechados e cabeças abaixadas, fizeram a silenciosa homenagem.

O silêncio começou exatamente às 9h02 (11h02 pelo horário de Brasília), o momento em que a explosão aconteceu, no dia 19 de abril de 1995.

Do lado de fora, ao lado das cadeiras de bronze colocadas no local onde ficava o prédio para lembrar as vítimas, amigos e familiares depositavam flores, fotos e ursinhos de pelúcia.

– Eu só queria que ela estivesse aqui para que eu pudesse lhe dizer que sinto sua falta. Dez anos é muito tempo, mas passam rápido – disse Bob Herreid, ao lado da cadeira de bronze com o nome de sua amiga Susan Ferrel.

Jeannine Gist, que perdeu a filha Karen Gist Carr no ataque, chorou ao receber do genro um colar feito com o anel de casamento que Karen usava.

– A vida continua, não importa que tipo de tragédia você tenha sofrido – disse ela.

– Às vezes a gente sente dúvida e tem pensamentos negativos, mas há sempre esperança para o futuro.

Clinton, que era o presidente na época do ataque, elogiou os moradores de Oklahoma City por sua reação à tragédia e disse que eles ensinaram lições valorosas ao país.

– Oklahoma City mudou todos nós – disse ele na igreja lotada, que foi reconstruída depois da explosão.

– Aquilo nos deixou tristes e nos deu coragem, nos uniu e nos fez lembrar o que realmente importa na vida, por causa do modo como vocês reagiram e do que vocês fizeram – acrescentou.

– Oklahoma City nos devolveu a união como país.

Num comunicado, o presidente George W. Bush disse:

– Para os sobreviventes desse crime e para as famílias dos mortos, a dor continua. Também lembramos os muitos atos de coragem e carinho que vimos em meio àquele horror.

– Oklahoma City será sempre um daqueles lugares, em nossa memória nacional, onde tanto o pior como o melhor ocorreram juntos. Rezamos pelas vidas que se perderam e rezamos por suas famílias – continuou.

Cheney descreveu a explosão como uma batalha entre o bem e o mal.

– Toda a humanidade pode ver que vocês passaram pela crueldade sem fim, e responderam com heroísmo – afirmou.

Depois da cerimônia, uma procissão de tocadores de gaita de fole levou as vítimas e seus parentes ao monumento fúnebre. Onde ficava o prédio Murrah hoje há cadeiras de bronze, dois portões simbólicos e um muro, com os nomes dos 800 sobreviventes.

Perto dali fica um olmo de 80 anos, chamado de “a árvore sobrevivente”, que resistiu à explosão e é considerada um símbolo da recuperação da cidade.

McVeigh foi executado em junho de 2001 por ter detonado o caminhão-bomba que estava estacionado ao lado do prédio. Seu ex-colega de Exército e cúmplice Terry Nichols foi condenado à prisão perpétua.

McVeigh disse que os dois estavam insatisfeitos com o governo por causa da invasão do complexo do Ramo Davidiano, em Waco, Texas, dois anos antes, no dia 19 de abril de 1993, que terminou com cerca de 80 mortes.