EUA elevam o tom na questão dos testes nucleares norte-coreanos

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Publicado quinta-feira, 5 de outubro de 2006 as 13:19, por: CdB

Os Estados Unidos “não vão aceitar” uma Coréia do Norte munida de armas atômicas, disse, em Washington, nesta quinta-feira, o secretário de Estado adjunto Christopher Hill, depois que o governo de Pyongyang anunciou planos para um teste nuclear. A Coréia do Norte chegou “a uma encruzilhada muito importante no caminho” e precisa escolher entre “ter um futuro ou ter essas armas (nucleares), mas não pode ter ambos”, afirmou Hill.

Segundo ele, a mensagem foi passada diretamente, através de canais diplomáticos, a representantes norte-coreanos na Organização das Nações Unidas (ONU), mas ainda não houve uma resposta. Mas Christopher não especificou como o país vai reagir se um teste realmente ocorrer.

– Eu não estou disposto, neste ponto, a dizer o que nós vamos fazer, mas estou disposto a dizer que nós não vamos esperar por uma Coréia do Norte nuclear, nós não vamos aceitar isso – afirmou.

Os Estados Unidos desejam que outros países se unam contra os planos norte-coreanos, mas as conversações na ONU são inconclusivas.

– Neste momento, há uma divisão – disse o embaixador dos Estados Unidos na ONU, John Bolton.

China e Japão

O Japão vem liderando esforços para formular uma declaração firme a ser apresentada na ONU. Mas a China apelou por calma, dizendo que espera que a Coréia do Norte “aja com a necessária calma e comedimento”, e peça para que a questão seja resolvida com a reativação de conversações envolvendo seis países (Estados Unidos, Rússia, Japão, China, Coréia do Sul e a própria Coréia do Norte), que estão emperradas há quase um ano.

Rússia e Coréia do Sul disseram que os planos da Coréia do Norte de realizar um teste nuclear são inaceitáveis. Seus ministros do Exterior, Sergei Lavrov e Ban Ki-moon, concordaram em uma conversa telefônica que um teste só vai agravar a situação, disse a Rússia. O novo primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, deve visitar a China e a Coréia do Sul nos próximos dias para discutir a crise.

Christopher Hill, que representa os Estados Unidos nas conversações multilaterais, disse que seu país está buscando unir seus aliados em uma iniciativa diplomática contra Pyongyang. O anúncio de teste também causou alarme na Coréia do Sul. O vice-ministro do Exterior, Yu Myung-hwan, advertiu que um teste norte-coreano bem sucedido pode provocar uma corrida armamentista na Ásia.

– Pode dar um pretexto – para que o Japão busque armas nucleares, afirmou.

Segundo Yu Myung-hwan, isso levará a iniciativas semelhantes por parte de China e Rússia e a uma mudança no equilíbrio de poder no nordeste da Ásia.

Posição do Brasil

O Itamaraty condenou, nesta quarta-feira, por meio de nota oficial, o anúncio da Coréia do Norte de que vai realizar um teste nuclear. O texto afirma que o governo brasileiro recebeu com “grande preocupação” a notícia divulgada na terça-feira.

“Ao reiterar sua posição em favor do desarmamento e da não proliferação de armas de destruição em massa, em particular as armas nucleares, o governo brasileiro condena o anúncio de Pyongyang, que agrega tensão ao quadro regional e internacional”, afirma a nota.

O governo brasileiro conclama a Coréia do Norte a “aderir à norma internacional sobre testes nucleares” e a “reintegrar-se plenamente ao Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares (TNP)”, voltando à mesa de negociações.

Sanções

A Coréia do Norte anunciou seus planos para testar uma bomba nuclear na terça-feira, dizendo que isso aumentará sua segurança frente à hostilidade dos Estados Unidos, embora não tenha estabelecido uma data. Acredita-se que o país tenha desenvolvido algumas ogivas mas jamais houve um anúncio de testes. Notícias dos EUA e Coréia do Sul sugerem que a Coréia do Norte tenha pelo menos um local subterrâneo para testes.

A Coréia do Norte parece cada vez mais ressentida com sanções impostas pelos Estados Unidos e out