Estudante baiana mostra curta-metragem ‘Camaçari’ em Paris

Arquivado em: Cultura, Últimas Notícias
Publicado quinta-feira, 2 de junho de 2022 as 10:27, por: CdB

“Camaçari é o nome de uma árvore que ‘chora’. Nessa árvore, a protagonista do filme sempre se balança para buscar paz diante do tratamento de saúde da mãe, que está com doença muito grave e esconde da garota.

Por Redação – de Paris

Nascida há 17 anos na cidade de Camaçari, a 50 km da capital Salvador, Jannielly Santana Borges é filha única de uma dona de casa e um caldeireiro do pólo petroquímico,  já aposentado. Morou em oito cidades baianas. Voltou para a cidade natal porque a família precisava apoiar o tratamento de saúde de um parente. No Colégio Estadual José de Freitas Mascarenhas, até outro dia levava a rotina comum de quem vai fazer o Enem em breve.

Todos os alunos que compõem o Rencontres Internationales reunidos no piquenique que ocorreu na confraternização do dia de abertura do projeto, o primeiro presencial após a pandemia de covid-19

Sábado passado giro de 180 graus na vida dessa adolescente cheia de atitude e bom humor. Voou de manhã para o Rio. Embarcou à noite para Paris. Nesta quinta-feira mostrou o curta-metragem Camaçari para a plateia do Rencontres Internationales A nous le cinéma!. A mostra foi criada em 1995 como parte das comemorações de 100 anos do cinema. Tornou-se uma rede independente voltada à Pedagogia do Cinema.

“Camaçari é o nome de uma árvore que ‘chora’. Nessa árvore, a protagonista do filme sempre se balança para buscar paz diante do tratamento de saúde da mãe, que está com doença muito grave e esconde da garota. Fiz o roteiro a partir de uma fábula que minha mãe me contava, direção também mas desenvolvi tudo com colegas e a professora do projeto na minha cidade”, conta. Em Paris, é tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo que a estudante diminuiu o ritmo dos anseios para escolher entre as faculdades de Medicina ou Cinema.

O ator e cineasta Mathieu Amalric na abertura do A Nous le Cinéma

Na quarta-feira aconteceu a cerimônia de abertura no Ciné 104, QG da mostra. Ao microfone, o ator e cineasta Mathieu Amalric, padrinho dessa edição, deu as boas-vindas. “É maravilhoso estar aqui vendo os filmes de vocês pois, no fundo, o que nós cineastas estamos sempre buscando é o frescor do olhar da infância, o olhar de quem vê pela primeira vez.”, disse Amalric. A programação contou com exibição de filmes e debates. Depois, um grande piquenique marcou a confraternização num dia de clima ameno na primavera francesa.

O Brasil está alinhado com participantes do Japão, Finlândia, Uruguai, México, Itália, Inglaterra e Escócia. Sexta-feira será exibido A verdade que me contaram, de Daniel Damas, morador de Cordovil, subúrbio da Leopoldina, Rio, aluno do Colégio Estadual Professor José de Souza Marques.

Os demais estudantes da representação brasileira são Yasmim Pereira da Silva, de 15 anos, moradora de Várzea Paulista SP, aluna da Escola Estadual Armando Dias, Gabriella dos Santos de Magalhães, aluna do Colégio Estadual Adelina de Castro, de Duque de Caxias RJ, Geovana Junior da Silva Pereira de Oliveira, 13, da Escola Municipal José Emydio, e Agatha Camila Santos da Silva, da Escola Municipal Frederico Trotta, na Barra.

Já participaram deste Programa Imagens em Movimento cerca de 1400 alunos, 100 educadores e mais 160 filmes foram produzidos nas oficinas. O projeto é fruto de uma parceria pioneira na América Latina com uma rede de 16 organizações internacionais dedicadas à pedagogia do cinema, Cinema, 100 anos de juventude (www.cinemacentansdejeunesse.org), que conta com a orientação geral de Alain Bergala, cineasta e professor, considerado uma referência mundial no campo da pedagogia do cinema.

Alunos do Programa Imagens em Movimento com Ana Dillon

No âmbito deste trabalho em rede, a cada ano é elaborada de forma colaborativa uma metodologia de iniciação ao cinema, e seus resultados são compartilhados de forma virtual e presencial, em um grande intercâmbio de experiências culturais e audiovisuais. No Brasil, o PIM também desenvolve seus próprios eixos temáticos, que este ano, estão voltados para as questões da identidade, do território, da cultura afro-brasileira e da diversidade de gêneros.

– O escopo desse intercâmbio entre as organizações participantes aumentou muito nos últimos 10 anos, e deu origem a uma rede que foi reconhecida por um edital da União Européia. Nossa intenção é integrar os estudantes brasileiros neste contexto de vanguarda mundial em condição de igualdade, contribuindo para a travessia de alguns abismos sociais que tradicionalmente isolam os estudantes da rede pública – frisa Ana Dillon.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *