Estradas precisam de R$ 8 bilhões para manutenção, aponta Ministério

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Publicado terça-feira, 28 de junho de 2005 as 19:00, por: CdB

As rodovias do país sofrem com falta de recursos há, pelo menos, dez anos. O resultado é uma malha que necessita de reparos da ordem de R$ 8 bilhões. O quadro preocupante foi desenhado pelo secretário-executivo do Ministério dos Transportes, Paulo Sérgio Oliveira Passos. Ele participou esta manhã, no Congresso Nacional, do 1º Fórum Senado Debate Brasil, com o tema “Transportes: entraves e perspectivas”.

Segundo ele, nos últimos dez anos “o Ministério dos Transportes investiu muito menos do que o que seria razoável para manter adequadamente a malha”. O secretário afirma que o governo está se esforçando para reformar as rodovias, priorizando “os grandes eixos rodoviários pelos quais passa o fluxo de produtos originados da agricultura”.

Oliveira afirma que o governo tentará reverter a situação aplicando R$ 1 bilhão em manutenção, este ano. O dinheiro virá do acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), que libera alguns investimentos do governo federal sem considerá-los como gastos. O secretário-executivo afirmou que esses investimentos serão aplicados prioritariamente nas rodovias federais BR-116 e BR-153 – que ligam as regiões Norte a Sul do país.

O secretário-executivo disse ainda ter boas razões para estar otimista em relação a este ano. Ele afirmou que o Ministério conta com recursos para investimentos superiores ao que foi gasto em média na última década.

– Há algo na faixa de R$ 3,8 bilhões de recursos disponíveis no orçamento, mas desejamos ampliar esses valores ainda mais até o final do exercício – disse.

Em seu programa de rádio Café com o Presidente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a importância das novas obras.

– Muitas delas começarão agora nos meses de julho, agosto, setembro. Vou dar um exemplo, nós vamos começar a BR 101 Nordeste em outubro, faço a licitação em setembro –  afirmou Lula.

O presidente também adiantou que vai “inaugurar entre julho e agosto a Fernão Dias, que finalmente vai estar pronta”.

– Vamos inaugurar a BR 116, que liga todo o sul do país a São Paulo, e vai ficar apenas a Serra do Cafezal, que vai ser feita pela empresa que ganhar a concessão. Nós começamos a todo vapor a BR 101 Sul, entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul, que é a chamada rodovia Mercosul, que vai dar maior densidade à nossa capacidade de exportação e importação e, sobretudo, para os turistas que vêm para o Brasil –  defende.

No mesmo seminário “Transportes: entraves e perspectivas”, o senador Ney Suassuna, líder do PMDB, afirmou que a estimativa do prejuízo com o derrame de grãos durante o transporte rodoviário atinge R$ 2,7 bilhões a cada safra.

– A perda de grãos no transporte rodoviário equivale aos gastos com os investimentos e com a manutenção (das estradas) no ano passado.

De acordo com ele, o orçamento executado pelo Ministério dos Transportes em 2004 foi de R$ 4,9 bilhões, dos quais 2,2 bilhões corresponderam a investimentos e menos de R$ 500 milhões às outras despesas com manutenção.

O senador, que falou durante a abertura do 1º Fórum Senado Debate Brasil, no auditório do Interlegis, disse ainda que 67% das cargas brasileiras são deslocadas pelo meio rodoviário. “Esse é o meio mais adequado apenas para distâncias inferiores a 300 quilômetros”, afirmou.

O secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, disse que o Ministério da Fazenda está dando todo o apoio a atividades de investimento em transporte.

– A questão do transporte é absolutamente essencial para o crescimento e um compromisso do tesouro em continuar nesse processo conjunto dentro do governo se mantém permanente. Os recursos estão aí disponíveis e agora o trabalho é de implementação.

O presidente do Senado federal, Renan Calheiros (PMDB), abriu o Fórum que, segundo ele, teve início com um tema que é “item nuclear de qualquer política de desenvolvimento sustentável”. Como meios de enfrentar o problema de infra-estrut