Estatal venezuelana já perdeu US$ 1 bilhão com greve

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Publicado sábado, 21 de dezembro de 2002 as 23:57, por: CdB

A gigante estatal Petróleos de Venezuela (PDVSA) já perdeu mais de um bilhão de dólares com a greve que já dura 20 dias. A paralisação bloqueou quase todas as exportações de petróleo e derivados, disse o presidente da empresa.

Quinto maior exportador mundial de petróleo, a Venezuela tem recebido um duro golpe no coração de sua economia. A PDVSA deixou de vender ao exterior cerca de 2,7 milhões de barris ao dia, o que representa 80 por cento de suas exportações.

A empresa também deixou de produzir 90 por cento de sua média de 3 milhões de barris diários que abastecem o mercado local e seu maior cliente, os Estados Unidos. Além disso, a empresa reduziu suas atividades de refino.

“As perdas da PDVSA superam amplamente um bilhão de dólares até agora”, disse o presidente da empresa, Alí Rodríguez, numa mensagem ao país na noite de sexta-feira.

A situação chegou a este ponto porque boa parte dos 40 mil trabalhadores da PDVSA se uniu a uma “greve cívica nacional”, que começou em 2 de dezembro. A greve geral, com apoio de empresários, sindicalistas, políticos, grupos civis e meios de comunicação, tem como objetivo a renúncia do presidente do país, Hugo Chávez, e a convocação de eleições antecipadas.

O mandatário diz que não renuncia, qualifica a greve geral como um “fracasso” e afirma que a paralisação dos petroleiros é uma sabotagem cuja finalidade é tirá-lo do poder, como tentaram líderes da oposição e um grupo de militares em abril.

A greve também causou o desabastecimento de combustível e de alguns alimentos essenciais. No país, as filas de veículos ao redor dos postos de gasolina abertos são gigantescas e os supermercados estão lotados de gente fazendo grandes compras.

Enquanto isso, simpatizantes da oposição e do governo têm tomado diariamente as ruas de inúmeras cidades do país para protestar contra a facção inimiga, seja com marchas ou concentrações.

Neste sábado, os adversários de Chávez se concentraram em Caracas em apoio a uma corporação policial da capital. A polícia metropolitana, cujo controle foi tomado de um prefeito opositor pelo governo faz mais de um mês e esta semana uma ordem judicial lhe restituiu algumas funções.

REPUTAÇÃO ABALADA

Alí Rodríguez convidou os funcionários da PDVSA a abandonar a greve, que também já causou à empresa “um dano maior, uma vez que despedaçou sua reputação internacional”.

Historicamente, a PDVSA tem altas qualificações por parte das agências de risco, dada sua condição de fornecedor seguro e por possuir uma saúde financeira que a coloca como uma das companhias de petróleo mais sólidas do mundo.

Mas, como consequência da greve e dos temores de que a PDVSA possa não vir a cumprir com seus compromissos, a Moodys e a Standard & Poors rebaixaram nas últimas duas semanas as suas notas para os papéis da dívida da companhia.

O governo, numa clara intenção de acabar com a greve petroleira, que tem recebido a adesão do comércio e da indústria, ordenou a militarização da PDVSA e autorizou a contratação de empresas privadas para o transporte do petróleo.

Essas medidas, acompanhadas de uma decisão do Supremo Tribunal de Justiça do país, que ordena os petroleiros a retornar aos seus postos, têm sido desafiadas pelos grevistas que dizem que não desistirão enquanto Chávez não deixar o poder.

Na madrugada deste sábado foram abordados por tropas federais os navios-tanque Pilín Leon e Susana Djuin. Segundo alguns capitães dissidentes, a operação é ilegal e altamente perigosa, principalmente no primeiro navio, que está carregado com 44 milhões de litros de gasolina.

Rodríguez alertou a respeito do Pilín Leon que “o controle da situação escapa às possibilidades da PDVSA e que tudo está nas mãos das autoridades competentes, porque há um motim da tripulação e principalmente do capitão”.

A PDVSA conseguiu carregar e despachar alguns navios petroleiros, apesar de que ainda há mais de 40 deles ancorados nas costas venezuelanas à espera de ordens de carga, uma ve